São Paulo, 18 de novembro de 2025 — O cenário financeiro brasileiro foi abalado nesta terça-feira (18) com a deflagração da Operação Compliance Zero da Polícia Federal (PF), que culminou na prisão de Daniel Vorcaro, principal acionista e CEO do Banco Master. A detenção ocorreu no Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP), onde Vorcaro foi interceptado pela PF ao tentar deixar o país em um jatinho particular, por volta das 22h30 da noite anterior (segunda-feira, 17). Segundo a defesa, o banqueiro viajaria para Dubai com o intuito de "fechar negócios", mas as autoridades suspeitam de uma tentativa de fuga após o vazamento da ordem de prisão.
Daniel Vorcaro está detido na Superintendência da Polícia Federal, em São Paulo, e sua prisão é um dos sete mandados de prisão expedidos — sendo cinco preventivas e duas temporárias. A operação também cumpre 25 mandados de busca e apreensão em residências e escritórios nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Bahia e no Distrito Federal. Entre os presos, também está Augusto Lima, sócio do Banco Master, e outros três diretores da instituição.
Alvo: Fraudes e Títulos de Crédito Falsos
O principal objetivo da Operação Compliance Zero é combater um esquema de emissão de títulos de crédito falsos por instituições financeiras integrantes do Sistema Financeiro Nacional (SFN).
As investigações, iniciadas em 2024 após uma requisição do Ministério Público Federal (MPF), apontam a suspeita de fabricação de carteiras de crédito insubsistentes (sem lastro ou falsas). De acordo com a PF, tais títulos teriam sido vendidos a outro banco e, após fiscalização do Banco Central (BC), substituídos por outros ativos sem a avaliação técnica adequada.
Os envolvidos são investigados por uma série de crimes graves contra o SFN, incluindo:
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Gestão Fraudulenta
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Gestão Temerária
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Organização Criminosa
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Outras infrações relacionadas à manipulação de carteiras de crédito.
Liquidação Extrajudicial: O Fim do Banco Master
Em um desdobramento drástico e simultâneo à prisão de seu principal acionista, o Banco Central (BC) decretou, também nesta terça-feira, a liquidação extrajudicial do Banco Master e da Master S.A. Corretora de Câmbio.
A decisão, assinada pelo presidente do BC, se deu em razão do "comprometimento da situação econômico-financeira da instituição, com deterioração da situação de liquidez", além de "infringência às normas que disciplinam a atividade bancária e inobservância das determinações do Banco Central do Brasil."
A liquidação encerra de forma abrupta a trajetória de crescimento do banco, conhecido por captar recursos com Certificados de Depósito Bancário (CDBs) que ofereciam remuneração acima da média do mercado. A medida ocorre apenas um dia após a Fictor Holding Financeira ter anunciado, na segunda-feira (17), um acordo para comprar o Master, prometendo um aporte inicial de R$ 3 bilhões. A liquidação extrajudicial põe fim imediato a esta negociação.
Com a liquidação, o Fundo Garantidor de Créditos (FGC) é acionado para ressarcir os investidores do Master, respeitando o limite de até R$ 250 mil por CPF/CNPJ. O Banco Central nomeou um liquidante responsável por administrar e vender os ativos restantes do banco para saldar credores.
A Agência Brasil, que noticiou a prisão de Vorcaro em primeira mão, reitera que busca contato com a defesa de Daniel Vorcaro e permanece à disposição para publicar qualquer posicionamento em relação às acusações.