O som estridente da sirene começa a soar e, em questão de minutos, toda uma cidade está em pânico à procura de um local seguro. A cena poderia ser de um filme, mas tem se repetido nos municípios com barragens de mineração no Estado, desde a tragédia que matou 157 pessoas em Brumadinho, na Grande BH. Para especialistas e técnicos do setor, a tendência é que evacuações como as que aconteceram na madrugada dessa sexta-feira, em Barão de Cocais e Itatiaiuçu, na região Central, tornem-se cada vez mais comuns.
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Das 42 barragens construídas em Minas com o método de alteamento a montante - o mesmo utilizado pela Vale em Córrego do Feijão -, 30 têm “alto dano potencial associado”. Ou seja, podem causar novos desastres em caso de rompimento, de acordo com dados da Agência Nacional de Mineração (ANM).
Na lista figuram 14 municípios. Dentre eles, Ouro Preto, Congonhas, Igarapé e Nova Lima, além de Mariana. Na cidade cenário da tragédia em 2015 está a barragem de Germano, da Samarco, que sozinha acumula mais de 129 milhões de metros cúbicos de minério - dez vezes mais do que o reservatório da Vale que se rompeu em Brumadinho.
Em Barão de Cocais, a 80 quilômetros da capital mineira, o medo de uma possível enxurrada de lama levou a população a fugir até mesmo de locais fora da área de risco. Nessa sexta-feira, os produtores rurais Aparecida das Dores e Raimundo Salvador, ambos de 56 anos, correram contra o tempo para colocar os pertences dentro do carro.
Levando roupa, documentos e comida, o casal pretende retornar à residência só quando não houver mais risco de rompimento ou, na pior das hipóteses, quando a barragem se desfizer. “Enquanto isso, não tem jeito de ficar aqui. Se estourar e não levar a casa, podemos até voltar”, disse Raimundo.
