O cenário político brasileiro testemunhou um domingo de grande mobilização popular, no dia 3 de agosto de 2025, com manifestações em diversas capitais e cidades do país. Milhares de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, munidos de uma renovada esperança, lotaram as ruas, demonstrando uma capacidade de engajamento que superou a participação em protestos anteriores.
A pauta dos atos foi clara e multifacetada, centrada principalmente em três pilares: a exigência pela anulação dos processos contra o ex-presidente Bolsonaro, a defesa de uma anistia para os indivíduos detidos em decorrência dos eventos de 8 de janeiro de 2023, e intensas críticas direcionadas aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), com ênfase particular nas ações do ministro Alexandre de Moraes.
A Lei Magnitsky: Um Catalisador de Esperança
A chama dessa mobilização, segundo observadores e as próprias lideranças bolsonaristas, foi acesa pela repercussão da Lei Magnitsky. A percepção de uma possível aplicação dessa legislação — um mecanismo internacional que permite a sanção de indivíduos envolvidos em violações de direitos humanos ou corrupção, através de congelamento de bens e restrições de visto — contra o ministro Alexandre de Moraes, trouxe um novo fôlego ao movimento.
Para os manifestantes e seus organizadores, a expectativa de que sanções externas pudessem ser impostas ao magistrado, somada à pressão popular nas ruas, criaria um ambiente propício para que o Congresso Nacional se movesse em duas frentes: pautar e aprovar a anistia para Bolsonaro e, consequentemente, estabelecer limites ao que consideram "excessos" do Poder Judiciário.
Suposta Divisão no STF e o Jantar de Apoio a Moraes
Outro fator que alimentou a esperança e a mobilização foi a interpretação de recentes eventos no próprio Supremo Tribunal Federal. O jantar oferecido pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva em apoio ao ministro Alexandre de Moraes, que visava demonstrar união e solidariedade, acabou por ter um efeito contrário, na visão dos manifestantes.
A notável ausência de vários ministros do STF no evento, somada à declaração pública do ministro Edson Fachin de que sua presença se deu puramente por uma questão institucional – visto que ele será o próximo presidente da Corte – foi largamente interpretada como um sinal de um possível "racha" ou descontentamento interno dentro do STF. Essa leitura, amplamente difundida entre as bases bolsonaristas, reforçou a crença de que o momento é oportuno para intensificar a pressão.
Bolsonaro: Liderança Indiscutível nas Ruas
Com esses acontecimentos em vista, as principais lideranças do movimento bolsonarista identificaram uma janela de oportunidade para convocar os atos. A adesão massiva observada no domingo não deixou dúvidas: o evento consolidou, mais uma vez, a posição de Jair Bolsonaro como a figura central e, para muitos, a única liderança capaz de mobilizar um contingente tão expressivo de cidadãos para as ruas.
O Futuro Incerto: Pressão Popular e Rumo Político
Apesar do fervor das manifestações e da renovação da esperança em um desfecho favorável às suas pautas, o desdobramento desses eventos permanece uma incógnita. Resta saber se essa combinação de pressão popular e o receio, por parte de outros ministros do STF, de que a Lei Magnitsky possa vir a ser aplicada a eles, será suficiente para alterar o curso político e jurídico do país, levando a uma reavaliação das decisões da Suprema Corte e, para os manifestantes, à contenção de seus "excessos".
Enquanto o tabuleiro político se reconfigura e as expectativas se chocam, o Brasil, na percepção de muitos, continua em um estado de incerteza, aguardando os próximos movimentos nesse complexo e polarizado cenário.