O corpo do ex-governador Joaquim Roriz será velado, a partir das 15h desta quinta-feira (27), no Memorial JK, por autoridades, familiares e amigos. Por volta das 16h, o público poderá se despedir do político que mais vezes comandou o Palácio do Buriti.
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O Memorial fica aberto até as 18h, mas, excepcionalmente, não fechará a partir desse horário devido ao velório do ex-governador. Às 10h desta sexta-feira (28), haverá, no monumento, uma missa de corpo presente dedicada ao criador de Brasília. O sepultamento está marcado para as 11h, no Cemitério Campo da Esperança na Asa Sul.
Segundo Dedé Roriz (PHS), sobrinho do ex-governador, a escolha pelo Memorial JK foi de Dona Weslian, viúva de Roriz. O corpo, que chegou ao memorial às 14h11, será velado no hall do museu. Após o tempo dedicado apenas à família do político, a população poderá visitar o caixão. O acesso será pela porta principal.
A entrada dos populares será por ordem de chegada. Ao passar pelo caixão, o público sairá pela porta de trás do museu, de frente para o estacionamento. A Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros farão a guarda no local.
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A área está dividida com cadeiras para os familiares e um espaço para a imprensa no lado oposto. No centro, ficará o caixão. Roriz vai ser enterrado no Campo da Esperança em cova que ficará a 20 metros do túmulo de JK.
Será o primeiro político a ser velado no Memorial. Em agosto de 2015, o ex-governador recebeu o título de Cidadão Honorário no mesmo monumento. O corpo de Roriz seguirá em carro aberto dos bombeiros até o cemitério. O esquema de trânsito na área central de Brasília ainda não foi divulgado. O governador Rodrigo Rollemberg (PSB) decretou luto oficial de três dias.
O ex-governador estava internado no Hospital Brasília, no Lago Sul, desde 24 de agosto, quando deu entrada com febre alta e suspeita de pneumonia. Os médicos confirmaram o óbito às 7h50 desta quinta (27), por choque séptico decorrente de complicações da infecção pulmonar, que resultou em falência múltipla dos órgãos.
O patriarca do clã Roriz estava na unidade de terapia intensiva (UTI) e chegou a apresentar melhora, quando foi transferido para um quarto no último dia 10.
Contudo, voltou a ser internado na UTI dois dias depois, onde permaneceu até o momento de sua morte. Algumas horas antes do óbito, Roriz sofreu uma parada cardíaca e foi submetido a traqueostomia. A cirurgia abriu um pequeno orifício na traqueia e uma cânula foi instalada para a passagem de ar. Depois, sofreu mais duas paradas cardiorrespiratórias.
Diabético e doente renal crônico, o quadro de saúde do ex-governador se agravou nos últimos anos. Em agosto de 2017, o
Metrópoles revelou que Roriz precisou amputar dois dedos do pé esquerdo por causa da diabetes. O político voltou ao hospital 11 dias depois e teve parte da perna direita amputada, na altura do joelho.
Dois anos antes, em novembro de 2015, Roriz ficou quase uma semana internado após um quadro de hipertensão e taquicardia. Na época, precisou ser submetido a cateterismo.
Piora no quadro
Boletim médico no fim de agosto apontou quadro infeccioso. Joaquim Roriz precisou ainda retomar a alimentação por sonda. Diante da piora do quadro, médicos orientaram a ex-primeira-dama Weslian Roriz a evitar visitas na unidade de internação, pedido negado por ela.
Um dos principais líderes políticos do DF, Joaquim Roriz governou por 14 anos. Foi em Luziânia (GO), município a cerca de 60km do DF, onde o patriarca da família nasceu e iniciou a carreira política: elegeu-se vereador e deputado estadual pelo MDB. Foi também indicado prefeito interventor de Goiânia e governador biônico do DF pelo então presidente José Sarney (MDB). Antes, ocupou o cargo de ministro da Agricultura e Reforma Agrária nas duas primeiras semanas do governo Fernando Collor.
A familiares, Roriz sempre relatou ter recebido o ex-presidente Juscelino Kubitschek em sua primeira visita à região hoje conhecida como Distrito Federal. Ele veio dar início à transferência da capital no Rio de Janeiro, no litoral, para o centro do país, futuramente batizado de Brasília. Roriz era criador de gado e parte das terras desapropriadas pertenciam à família da esposa do ex-governador, Weslian Peles Roriz.
Força política
Durante sua trajetória política, na qual reuniu admiradores e críticos, Roriz se manteve como uma das maiores forças políticas do DF. Lançou à vida pública nomes hoje conhecidos, como o do ex-governador José Roberto Arruda (PR), o ex-vice-governador Tadeu Filippelli (MDB), o ex-secretário de Saúde Jofran Frejat (PR) e o candidato ao GDF pelo PSD, Rogério Rosso.
Além deles, o político investiu em inúmeros nomes que passaram pelo secretariado de suas gestões com o objetivo de conquistar cadeiras na Câmara Legislativa do DF ou na Câmara dos Deputados.
Em 2006, foi eleito senador. Iniciou o mandato em 2007 e renunciou após cinco meses para escapar de um eventual processo de cassação devido ao escândalo da Bezerra de Ouro, que apurou o suposto recebimento de recursos irregulares. Após ser diagnosticado com mal de Alzheimer pelo Instituto Médico Legal, a Justiça arquivou o processo contra o político.
Nas eleições de 2010, Roriz chegou a se lançar na disputa pelo Palácio do Buriti, mas desistiu por ter sido enquadrado nos critérios de inelegibilidade em função da renúncia ao mandato parlamentar. A mulher, Weslian Roriz, assumiu a cabeça de chapa, mas perdeu as eleições para Agnelo Queiroz (PT).
Ela obteve 33% dos votos válidos. Atualmente, por impedimentos legais, as duas filhas de Roriz que seguiram carreira política – Jaqueline e Liliane – não poderão concorrer em 2018. Contudo, o líder do clã manifestou desejo em relação à candidatura do neto que leva o mesmo nome do político a uma cadeira na Câmara dos Deputados.