A Polícia Federal (PF) deflagrou, nesta terça-feira, a Operação Compliance Zero, uma das maiores ações recentes contra crimes do colarinho branco no Brasil. O objetivo central é desmantelar um sofisticado esquema de emissão e comercialização de títulos de crédito falsos (insubsistentes) por parte de uma instituição financeira privada que atua no Sistema Financeiro Nacional (SFN).
A operação mobilizou um grande contingente de policiais e cumpre um total de 32 ordens judiciais, expedidas pela Justiça Federal. Estão sendo executados:
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Cinco mandados de prisão preventiva (detenção por tempo indeterminado).
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Dois mandados de prisão temporária (detenção por prazo determinado, usualmente 5 dias, prorrogável).
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25 mandados de busca e apreensão.
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Medidas cautelares diversas da prisão (como bloqueio de bens e afastamento de cargos).
As ações estão concentradas em cinco estados e no Distrito Federal, alcançando alvos nos principais centros financeiros do país: Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Bahia e Distrito Federal.
Origem da Investigação e o Esquema Fraudulento
As investigações da PF tiveram início em 2024, após uma requisição formal do Ministério Público Federal (MPF), que alertou sobre a possível existência de uma fraude complexa envolvendo a manipulação de ativos financeiros.
O cerne do esquema, conforme detalhado pela Polícia Federal, consistia na "fabricação de carteiras de crédito insubsistentes" — ou seja, a criação de ativos que não possuíam lastro real ou eram fraudulentos, com o objetivo de simular solidez e alavancar captações.
Segundo a nota da PF, o modus operandi incluiu:
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Venda de Títulos Falsos: Os títulos de crédito insubsistentes foram vendidos a outro banco ou investidor, injetando liquidez imediata na instituição investigada.
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Substituição Pós-Fiscalização: Após uma fiscalização do Banco Central (BC), os ativos fraudulentos foram substituídos de maneira irregular por outros títulos, muitas vezes sem a devida avaliação técnica e financeira adequada, o que permitiu que o esquema se perpetuasse.
Os valores totais envolvidos na fraude ainda estão sendo apurados, mas as autoridades indicam que o montante pode ser significativo, causando grande impacto nos balanços e na credibilidade do SFN.
Crimes Investigados e Prisões de Alto Nível
Os alvos da operação incluem diretores, acionistas e funcionários-chave da instituição financeira envolvida. Eles estão sendo investigados por uma série de crimes graves, que atentam contra a estabilidade do sistema financeiro:
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Gestão Fraudulenta: Praticada quando administradores de instituições financeiras realizam operações de forma dolosa e ilegal.
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Gestão Temerária: Caracterizada pela exposição excessiva e irresponsável de recursos, colocando a instituição em risco.
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Organização Criminosa: Pelo conluio e estruturação hierárquica para a prática dos crimes.
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Outros crimes correlatos, como lavagem de dinheiro.
A PF confirmou que, entre os presos, está o principal acionista da instituição, detido ao tentar deixar o país, o que reforça a gravidade e o alto escalão dos envolvidos no esquema.
A reportagem acompanha o desenrolar da Operação Compliance Zero e trará mais detalhes sobre a identidade da instituição e dos envolvidos, bem como os desdobramentos no Banco Central, que deve se pronunciar sobre a situação da instituição financeira afetada.
Fotos: Polícia Federal/Divulgação