Belo Horizonte, MG – A polêmica em torno da aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Blindagem no Congresso Nacional ganhou um novo capítulo com a manifestação da tesoureira do Partido dos Trabalhadores (PT), Gleide Andrade. Durante uma reunião com correligionários em Minas Gerais, Andrade defendeu os 12 deputados federais petistas que votaram a favor da medida, gerando uma onda de discussões internas no partido e nas redes sociais.
A PEC da Blindagem, aprovada na Câmara dos Deputados na última terça-feira (16), estabelece que a investigação ou prisão de parlamentares só poderá ocorrer com a autorização de seus pares, em um prazo de 90 dias. A exceção é para casos de crimes inafiançáveis ou flagrantes. A aprovação da medida foi amplamente criticada por setores da sociedade, que a veem como um retrocesso no combate à impunidade.
Tesoureira fala em "orientação" e defende solidariedade
Em seu discurso, Gleide Andrade ressaltou que os 12 deputados petistas, incluindo três de Minas Gerais, merecem a solidariedade do partido. Ela sugeriu a existência de uma "orientação" partidária para o voto, sugerindo que os parlamentares não agiram por conta própria.
"Neste momento, estes 12 deputados [petistas que votaram a favor da PEC], e 3 são de Minas, precisam da nossa solidariedade", disse ela, adicionando: "Os 12 que votaram, votaram porque seguiram uma orientação. E no meio do caminho, alguns votaram e, quando viram a repercussão nas redes, voltaram para trás."
A afirmação de Andrade joga luz sobre as dinâmicas internas do PT e levanta questionamentos sobre a liderança e a comunicação do partido.
Críticas ao Projeto de Lei da Anistia e repercussão online
Além de defender os deputados, a tesoureira também criticou duramente a aprovação do regime de urgência para a tramitação do Projeto de Lei da Anistia. Ela alertou para o perigo da medida e expressou preocupação com a possibilidade de que o projeto possa beneficiar aqueles que atentaram contra o Estado Democrático de Direito.
"A partir de agora, onde passa um boi, passa uma boiada. Não vem com este papo de anistia light, não vem com este papo de redução de pena. Eles vão fazer o que eles quiserem e sabe o que eles querem? Eles querem livrar todos que atentaram contra o Estado Democrático de Direito", afirmou Andrade.
A repercussão negativa da PEC da Blindagem foi imediata e avassaladora, especialmente nas redes sociais. Um levantamento da Genial Quaest, divulgado no último sábado, 20 de setembro, revelou que 83% das menções ao tema nas plataformas digitais foram de desaprovação. A pressão popular foi tão grande que vários deputados, incluindo o petista Merlong Solano (PT-PI), usaram suas redes para pedir desculpas.
Em nota, o deputado Solano se desculpou com o povo do Piauí e com o PT, justificando seu voto como uma tentativa de "ajudar a impedir o avanço da anistia e viabilizar a votação de pautas importantes para o povo brasileiro, como a isenção do Imposto de Renda, a MP do Gás do Povo, a taxação das casas de apostas e dos super-ricos, além do Plano Nacional de Educação".
A polêmica em torno da PEC da Blindagem e as declarações da tesoureira Gleide Andrade evidenciam as fissuras internas no PT e a crescente pressão da opinião pública sobre a atuação de seus representantes.