A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) desferiu um duro golpe contra o crime organizado com a deflagração da segunda fase da Operação Cyprium nesta quarta-feira (12). A ação, que mirou uma complexa e articulada rede de furto e receptação de fios de cobre, resultou na prisão de quinze pessoas, no bloqueio de R$ 30 milhões e na apreensão de mais de 1 tonelada de fios de cobre e dez veículos.
O esquema criminoso interestadual tinha como epicentro a Zona da Mata mineira, mas seu alcance se estendia até o Rio de Janeiro e a Bahia.
Ação Integrada e Resultados Expressivos
Os trabalhos foram conduzidos simultaneamente em oito cidades dos três estados, em uma força-tarefa que demonstrou a eficiência da cooperação policial. Equipes da PCMG, da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro (PCERJ) e da Polícia Civil da Bahia (PCBA) atuaram em conjunto, com o apoio crucial da Guarda Municipal e do setor de Zoonoses da Prefeitura de Juiz de Fora (MG).
Ao todo, foram cumpridos 38 mandados de busca e apreensão, culminando na detenção dos principais alvos da investigação, incluindo líderes da organização. O delegado Pedro Vasques, titular da Delegacia em Visconde do Rio Branco, detalhou o início das apurações: "As investigações começaram com casos de furtos de fios que, a princípio, pareciam pontuais. Mas, à medida que avançamos, percebemos se tratar de algo muito mais complexo e estruturado, com divisão de tarefas e atuação recorrente.”
O Esquema Crimininoso: Falsidade e Lavagem de Dinheiro
O núcleo de inteligência policial da Delegacia Regional em Juiz de Fora e a Delegacia em Visconde do Rio Branco, unidades da PCMG, revelaram a sofisticação do esquema. A rede criminosa contava com a participação de funcionários e ex-funcionários de empresas de telefonia e internet, que facilitavam a execução dos furtos. Para disfarçar as ações, os criminosos utilizavam uniformes e ordens de serviço falsas, conferindo uma aparência de legalidade à atividade ilícita.
As investigações apontam que o grupo movimentou cifras milionárias, superando R$ 30 milhões nos últimos anos. Semanalmente, toneladas de fios de cobre furtados eram escoadas da Zona da Mata para os estados do Rio de Janeiro e Bahia, integrando uma cadeia de receptação e revenda de grande escala.
O delegado Márcio Rocha, responsável pelo setor de inteligência em Juiz de Fora, destacou que a organização criminosa operava em múltiplas frentes, com forte estrutura logística e financeira, e era responsável por crimes que iam além do furto e receptação, alcançando a lavagem de dinheiro.
O Impacto Devastador para a População
O delegado Márcio Rocha ressaltou o grave impacto dos crimes na vida da população e no setor de serviços. "De 2024 para 2025, registramos cerca de 1,4 mil ocorrências de furto de cabos apenas na Zona da Mata. Essa quadrilha causava danos significativos às empresas e à população, que ficava sem comunicação e sem serviços essenciais", alertou.
A Operação Cyprium II, cujo nome remete ao latim para 'cobre', é considerada um "duro golpe em uma organização criminosa que vinha causando prejuízos milionários e desestruturando serviços essenciais", nas palavras do delegado Márcio Rocha.
Conexão com a Primeira Etapa e Próximos Passos
A primeira fase da Operação Cyprium, deflagrada em 3 de setembro deste ano em Juiz de Fora, já havia dado um indicativo da dimensão do problema. Na ocasião, um homem de 29 anos, apontado como líder de um esquema de receptação, foi preso em flagrante. Foi apreendida 1,5 tonelada de cobre em uma propriedade rural, onde o material era queimado às margens do Rio do Peixe, em área de preservação, causando poluição e degradação ambiental para separar a borracha do metal.
Com o sucesso da segunda fase, a Polícia Civil agora se prepara para a terceira etapa, com o foco voltado para a identificação dos beneficiários financeiros do esquema e dos receptadores de grande porte que, de forma organizada, inseriam o produto do crime no mercado formal, dando-lhe uma aparência de legalidade. O material apreendido hoje será fundamental para essa nova fase da investigação.