CARIRI DO TOCANTINS – O Sul do Estado vive dias de tensão com a continuidade de uma megaoperação de segurança. Até a manhã deste domingo (28), as buscas por dois detentos considerados de altíssima periculosidade já ultrapassam a marca de 60 horas. O cerco envolve unidades especializadas da Polícia Militar, Polícia Civil e agentes do Sistema Penitenciário, com o apoio de tecnologias de monitoramento e incursões em áreas de mata e zonas rurais.
A Cronologia da Evasão
A fuga ocorreu na noite da última quinta-feira (25), na Unidade de Tratamento Penal de Cariri (UTPC). De acordo com os levantamentos preliminares da Secretaria da Segurança Pública (SSP), a dupla utilizou um método clássico, porém eficaz: serraram as grades da cela e utilizaram uma "teresa" (corda improvisada com lençóis) para transpor o alambrado de proteção.
O que chama a atenção das autoridades é o intervalo de tempo até que a ausência fosse notada. A falta dos criminosos só foi oficialmente registrada pelos agentes penitenciários na manhã de sexta-feira (26), o que deu aos fugitivos uma vantagem de várias horas de deslocamento antes do início do bloqueio das vias.
Perfil dos Foragidos: Crime Organizado e Sadismo
A preocupação das autoridades é potencializada pelo histórico criminal dos detentos, ambos apontados como integrantes da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).
-
Renan Barros da Silva (26 anos): Conhecido pelo estigma de "serial killer", Renan carrega uma condenação pesada. Em 2023, ele recebeu uma sentença de 72 anos de prisão por três homicídios duplamente qualificados e ocultação de cadáver, crimes que chocaram a cidade de Araguaína pela brutalidade. O Ministério Público o descreveu em laudos como um indivíduo de perfil sádico, com total desrespeito à vida humana.
-
Gildásio Silva Assunção (47 anos): Criminoso experiente, possui quatro condenações que somam 46 anos de reclusão. Seus crimes incluem homicídio e delitos graves contra o patrimônio.
Atenção: A polícia orienta a população para que não tente qualquer tipo de abordagem caso os suspeitos sejam avistados. A recomendação é entrar em contato imediato com o 190 (Polícia Militar) ou 197 (Polícia Civil).
Continua após a publicidade
Falhas e Investigação Interna
A Secretaria da Cidadania e Justiça (Seciju) confirmou que, no momento da fuga, a dupla ocupava uma cela isolada. Eles cumpriam sanções disciplinares e haviam sido transferidos de pavilhão recentemente, o que levanta questionamentos sobre os protocolos de vigilância interna.
Um procedimento administrativo foi aberto para investigar:
-
Acesso a materiais: Como os presos conseguiram as ferramentas para serrar as grades?
Continua após a publicidade -
Vigilância: Houve falha humana ou técnica no monitoramento das câmeras e sensores durante a madrugada de quinta-feira?
-
Segurança da Unidade: A estrutura da UTPC passará por uma auditoria para identificar pontos de vulnerabilidade.
Operação de Recaptura
O policiamento em Cariri e cidades vizinhas foi reforçado. Barreiras foram montadas nas principais estradas estaduais e federais da região, e propriedades rurais estão sendo visitadas por equipes do BPCHOQUE e CIGOE. O uso de drones e cães farejadores não é descartado conforme a operação avança para áreas de vegetação densa.
A Seciju e a SSP informaram que o reforço na segurança da unidade prisional é por tempo indeterminado, visando garantir a ordem no sistema enquanto o foco total permanece na localização dos fugitivos.