A declaração da ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, sobre a possibilidade de anistia aos condenados pelos atos de 8 de Janeiro gerou forte reação no Supremo Tribunal Federal (STF). Ministros da Corte expressaram preocupação com o impacto da fala no relacionamento entre os poderes e demonstraram descontentamento ao procurarem auxiliares do presidente Lula para manifestar sua discordância.
Entenda a Polêmica
Em entrevista concedida na noite da última quinta-feira (10), Gleisi Hoffmann defendeu a discussão sobre a redução de penas para civis envolvidos nos eventos de 8 de Janeiro, argumentando que o tema poderia ser debatido no Congresso Nacional. A declaração, no entanto, não foi bem recebida no STF. Fontes informaram que pelo menos três ministros da Corte buscaram interlocutores de Lula para expressar sua insatisfação, classificando a fala como um "absurdo" e alertando para o potencial de deterioração das relações institucionais.
Repercussão no STF
Um dos ministros do STF classificou a declaração de Gleisi como um "suicídio político", prevendo que a posição da ministra pode colocar o governo em uma situação delicada caso a proposta de anistia não prospere. Alguns magistrados cogitam procurar diretamente o presidente Lula para manifestar sua preocupação.
Governo Tenta Apaziguar a Situação
Auxiliares do presidente Lula, por sua vez, buscaram minimizar o impacto da declaração de Gleisi, argumentando que suas palavras foram "mal interpretadas". Além disso, asseguraram aos ministros do STF que Lula dificilmente concordaria com a revisão de penas, contrariando a sugestão da ministra das Relações Institucionais.
Possível Motivação por Trás da Declaração
Colegas de Gleisi no governo levantaram a hipótese de que a ministra estaria sob pressão do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), para apoiar alguma medida que aliviasse a pressão de apoiadores do ex-presidente Bolsonaro em relação à anistia. Essa pressão poderia ter influenciado a declaração da ministra.
Avanço da Proposta de Anistia na Câmara
Na mesma noite da declaração de Gleisi, o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante, anunciou ter obtido o número mínimo de assinaturas (257) para solicitar a urgência na tramitação do projeto de anistia. Caso a urgência seja aprovada, a proposta poderá ser votada diretamente no plenário da Câmara, acelerando o processo legislativo e aumentando a pressão sobre o governo e o STF.
O cenário político se torna cada vez mais tenso com a articulação em torno da anistia, e a fala da ministra Gleisi Hoffmann adiciona mais um elemento de complexidade à relação entre os poderes.