STF Forma Maioria para Tornar Bolsonaro e Aliados Réus por Tentativa de Golpe de Estado

 A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) alcançou maioria nesta quarta-feira para aceitar a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) e tornar réus o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete aliados por suposta tentativa de golpe de Estado em 2022. A decisão marca um avanço significativo nas investigações sobre os eventos que culminaram nos atos de 8 de janeiro de 2023.

Detalhes da Decisão

Os ministros Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin votaram a favor do recebimento da denúncia. Com essa decisão, o STF abre caminho para o julgamento dos acusados, que poderão enfrentar condenações com penas de prisão. A PGR acusa Bolsonaro de liderar um grupo que tentou desestabilizar o Estado Democrático de Direito, disseminando desinformação sobre o sistema eleitoral e incentivando atos antidemocráticos.

Lista dos Denunciados

Além de Jair Bolsonaro, os seguintes indivíduos também foram denunciados:

  • Alexandre Ramagem: Ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin)
  • Almir Garnier: Ex-comandante da Marinha
  • Anderson Torres: Ex-ministro da Justiça
  • Augusto Heleno: Ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI)
  • Mauro Cid: Ex-ajudante de ordens da Presidência
  • Paulo Sérgio Nogueira: Ex-ministro da Defesa
  • Braga Netto: Ex-ministro da Casa Civil e da Defesa

Acusações e Penas

Os crimes imputados pela PGR incluem organização criminosa, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. As penas máximas, se somadas, podem chegar a 43 anos de prisão.

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Argumentos do Relator

O relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, enfatizou que a denúncia descreve uma estrutura hierárquica organizada com o objetivo de desestabilizar a democracia. Moraes destacou que Bolsonaro tinha conhecimento e interação com a "minuta do golpe", um documento que previa medidas inconstitucionais para interferir no resultado das eleições de 2022.

Votos dos Ministros

  • Flávio Dino: Reforçou que as defesas não negaram a tentativa de golpe, mas buscaram eximir seus clientes de responsabilidade. Ele afirmou que a materialidade dos crimes é evidente e que o julgamento é necessário para esclarecer o grau de envolvimento de cada acusado.
  • Luiz Fux: Votou a favor do recebimento da denúncia, mas defendeu uma revisão da dosimetria das penas aplicadas aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023, considerando o contexto e a gravidade das ações individuais.
  • Cármen Lúcia: Destacou que o golpe foi um processo articulado ao longo do tempo e que os ataques à democracia foram parte de um movimento planejado. Ela ressaltou que "ditadura mata, vive da morte da sociedade e da democracia".

Próximos Passos

Com a aceitação da denúncia, Bolsonaro e os demais denunciados se tornam réus. A próxima fase do processo será a instrução, na qual a PGR e as defesas poderão apresentar provas e depoimentos. Ao final do julgamento, o STF decidirá se os acusados serão condenados e quais serão as eventuais penas aplicadas.

Impacto Político

A decisão do STF tem o potencial de gerar um impacto significativo no cenário político brasileiro. Bolsonaro já enfrenta outras investigações e está inelegível por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O resultado deste julgamento poderá influenciar seu futuro político e o de seus aliados.

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