O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) deflagrou nesta segunda-feira (25) a "Operação Bilocação", visando investigar um esquema de corrupção, peculato, homofobia e lavagem de dinheiro na Secretaria de Obras da Prefeitura de Formiga, município localizado na Região Oeste do estado. Oito mandados de busca e apreensão foram cumpridos, além de medidas cautelares.
A investigação, que durou cerca de um ano e meio, é conduzida pelo Grupo de Ação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de Formiga, em conjunto com as 2ª e 3ª Promotorias de Justiça da comarca, com apoio das Polícias Civil e Militar.
Investigação iniciou após denúncia de assédio e chantagem
As investigações tiveram início após a constatação de que um servidor responsável por um setor da Secretaria de Obras lançava horas extras indevidas na folha de ponto de outro servidor. A concessão dessas horas extras fraudulentas ocorreu após o servidor beneficiado gravar um áudio com conteúdo sexual direcionado a um vereador de Formiga. Esse áudio foi posteriormente compartilhado em aplicativos de mensagens, configurando um caso de assédio e possível chantagem.
Esquema de "rachadinha" e corrupção
A partir dessa descoberta inicial, o MPMG desvendou um esquema complexo de corrupção. O responsável pelo setor administrativo da Secretaria de Obras, juntamente com outros servidores, realizava o lançamento de horas extras fictícias. Após o recebimento dos valores indevidos, os servidores envolvidos dividiam o dinheiro com o chefe do setor, caracterizando o crime de peculato-desvio, popularmente conhecido como "rachadinha".
O esquema, que teve início em 2020, resultou no pagamento de valores exorbitantes em horas extras, em comparação com anos anteriores, evidenciando a fraude. Além disso, o responsável pelo setor administrativo também solicitava propina para a conversão de férias em pecúnia, configurando o crime de corrupção passiva.
"Bilocação": Servidores recebiam por horas não trabalhadas
O nome da operação, "Bilocação", faz referência à capacidade de estar em dois lugares ao mesmo tempo. Na prática, os servidores envolvidos recebiam remuneração por horas extras que não eram trabalhadas, permanecendo em suas casas ou outros locais enquanto deveriam estar cumprindo expediente.
Força-tarefa envolveu dezenas de policiais e promotores
A Operação Bilocação contou com a participação de 18 policiais militares, 17 policiais civis e dois promotores de Justiça. As investigações seguem em andamento para apurar a extensão do esquema e a responsabilização de todos os envolvidos.
Fotos: MPMG/Divulgação