O escritor possui inúmeras obras e tivemos a oportunidade de ler seu único romance" Lições do Abismo".
Pouco conhecido para o público em geral, Corção traz em sua obra uma perspectiva intimista da vida, o livro retrata os últimos dias de José Maria. O personagem descobre um câncer terminal e inicia um diário, porém longe de retratar apenas fatos corriqueiros da vida o autor mergulha no fundo da alma humana, em cada suspiro do personagem o leitor passa pelos grandes temas da vida; as vocações, o casamento, o amor, os filhos e o destino da alma.
A obra de tão majestosa rendeu elogio de Oswald de Andrade a Gustavo Corção" Depois de Machado de Assis apareceu agora um mestre do romance brasileiro". Já Manuel Bandeira defendeu que fosse concedido em 1965 o Prêmio Nobel de Literatura a Corção.
Aos leitores mais experientes o livro pode lembrar" A morte de Ivan Ilitch" de Tólstoi, com um grande diferencial em relação ao romance russo, José Maria é um personagem mais transcendente em relação a Ivan Ilitch, no romance brasileiro a uma observação externa da vida sob a ótica de uma espiritualidade mais elevada, a busca do homem por se redimir perante o eterno, fator que custa caro a Corção, por seu escritor profundamente católico e influenciado por Chesterton, já Ivan Ilitch se desespera perante a ruína que o tempo causa a existência humana sob um visão avassaladora do dia a dia.
Recomendo a obra aos leitores que possuem uma predileção por livros mais reflexivos, não é um romance rápido e objetivo, porém posso afirmar que se engana quem acha que leu Corção, talvez Gustavo Corção que leu nossas almas.