
- 15/05/2025 - Itapecerica/MG
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RIO - Uma servidora da Câmara Municipal do Rio de Janeiro foi responsável pela maior doação individual recebida pela campanha de Carminha Jerominho (PMB), alvo da "Operação Sólon" da Polícia Federal nesta quinta-feira (12). De acordo com o TSE, a candidata a vereadora do Rio de Janeiro recebeu da advogada Consuelo Bezerra Braga cerca de R$ 31 mil. Consuelo também atuou como representante do pai de Carminha, o ex-vereador Jerominho, no processo em que ele foi acusado de extorquir um proprietário de vans em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio, como integrante da chamada "Liga da Justiça", uma das maiores milícias da cidade.
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Funcionária pública de carreira, a advogada de 56 anos entrou para a Câmara com o cargo de "assistente técnico legislativo", cuja remuneração é de R$ 6,6 mil, conforme o edital da Prefeitura do Rio para o último concurso realizado. Ela deu entrada no processo de aposentadoria em 2018, mas continuou trabalhando na Câmara, na função de "chefe de serviços de debate", de acordo com o Portal da Transparência do município. Trata-se um profissional nomeado pela mesa diretora e responsável por coordenar o registro das discussões que acontecem no plenário.
Atualmente, o salário líquido de Consuelo é de R$ 16.950, segundo dados da Prefeitura do Rio. Além disso, junto com seu marido, Helder Faria Fernandes, Consuelo administra a "H F Fernandes Padaria e Papelaria LTDA.", situada em Valão do Barro, região central da cidade de São Sebastião do Alto, um pacato município da Região Serrana do Rio de Janeiro com pouco menos de 9 mil habitantes.
Formada em Ciências Jurídicas, Consuelo tem registro na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e representou o ex-vereador Jerônimo Guimarães Filho, o Jerominho, num processo em que ele foi acusado de integrar uma quadrilha que extorquia motoristas de vans no bairro de Campo Grande, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, onde moram o miliciano e sua filha, Carminha Jerominho. A denúncia foi feita em 2006 pelo proprietário de vans Juarez Marcelino Dutra, que acusou a quadrilha formada por Jerominho e outros três milicianos — seu filho, Luciano Guinâncio Guimarães, Alcemir Silva e Leandrinho "Quebra-Ossos" — de cobrar R$ 44 por dia para a circulação de vans no trajeto Campo Grande-Rio da Prata. Meses depois de denunciar o grupo, Juarez foi morto a tiros em Campo Grande. Consuelo largou a causa em 2012, de acordo com o Diário do Superior Tribunal de Justiça.
Na manhã desta quinta-feira, a Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão nas residências de Jerominho e seu irmão, José Guimarães Natalino, numa investigação sobre lavagem de dinheiro e prática de crimes eleitorais na Zona Oeste do Rio. A "Operação Sólon" mirava também as campanhas de Carminha Jerominho e de Jéssica Natalino, candidata a vice-prefeita na chapa de Suêd Haidar (PMB).
Ao GLOBO, Carminha Jerominho afirmou que não há irregularidade na doação feita por Consuelo e disse que, após a operação, a assessora da Câmara chegou a lhe telefonar para pedir desculpas pela transferência.
— Não sei por que ela me telefonou. Ela achou que tinha me atrapalhado me ajudando — afirmou a candidata.
Segundo Carminha, Consuelo é uma amiga de longa data da família Jerominho. Na Câmara Municipal, Carminha e Consuelo teriam estreitado os laços:
— Ela me dizia: "Eu trabalho aqui há anos e nunca vi algum parlamentar tratar assessor da maneira como a senhora me trata". Não sei o que há de mal na ajuda dela.
Carminha também afirmou ser contra o financiamento de campanhas eleitorais com verba pública, mas aceitou o repasse de seu partido "por falta de alternativa".
— Ela (Consuelo) viu a situação em que a minha campanha estava e se ofereceu para me ajudar — disse Carminha. — Você vê que o valor da doação não é um valor extraordinário. É compatível com a vida de uma pessoa simples, que mora no interior. Ela é do interior.
