Veterinária explica sobre a Leishmaniose

Santos começou a registrar casos de leishmaniose em 2015. De lá para cá, a cidade tem tomado providências para evitar um possível surto da doença, transmitida por um mosquito conhecido popularmente como mosquito-palha. No ano passado foram registrados na cidade 29 casos, todos em cães. Não há registro de munícipes infectados nos últimos anos.
 

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Os cães são mais afetados pela doença do que os humanos porque o sistema imunológico deles é menos desenvolvido. Os felinos também poder ser infectados, mas a probabilidade é menor. Os cães são considerados reservatórios da doença e fonte de infecção para o vetor (inseto). Ou seja, a doença não passa de cão para cão, nem de cão para pessoa, somente pela picada do mosquito transmissor infectado.
Diversas ações são realizadas pela Secretaria Municipal de Saúde para coibir a transmissão da doença. Entre elas, a criação de uma Comissão de Investigação, Prevenção e Controle da Leishmaniose, que reúne representantes de diversos setores da Administração, autoridades de saúde pública e ligadas à preservação da vida animal. Também é feita capacitação periódica dos agentes de controle de endemias e demais profissionais de saúde.
Para tirar as dúvidas sobre a Leishmaniose, confira a entrevista exclusiva com a veterinária Denise Salgado, que atua no My Pet HomeCare, em São Vicente.
DL - Existe vacina para animais específica para Leishmaniose?
Denise - Existe uma vacina específica para cães. Mas antes de vaciná-lo é preciso fazer um exame sorológico para ver se ele tem anticorpos contra a leishmaniose. Se der negativo, ele pode ser vacinado. Se der positivo, significa que ele tem anticorpo e não pode ser vacinado porque já entrou em contato com o agente. A vacina fica em torno de R$200. Se for a primeira vez que o cão for tomar, são necessárias três doses, com intervalo de 21 dias entre elas. A vacina ainda está em fase de testes e não há garantia que realmente funcione, mas todos os testes feitos até hoje indicam que ela protege o animal.
DL - Existem colares com repelente que protegem o animal do contato com o mosquito, mas alguns cães têm alergia. Como proceder nestes casos?
Denise - Essas reações são individuais, depende de cada animal. Não tem como saber antes, então se a pessoa quiser colocar a coleira deve observar se o cachorro se adapta bem ou não. Em caso de alergia, basta levar ao veterinário para ver se será necessária alguma pomada que alivie a área afetada.
DL - Existem três tipos de leishmaniose (cutânea, mucocutânea e visceral). Qual a diferença entre elas? Qual é mais grave?
Denise - Estes três tipos de leishmaniose são em humanos. Em animais são apenas dois: a cutânea e a visceral. A mais grave é a visceral porque ela vai pelos vasos sanguíneos até o fígado e baço e se espalha pelo organismo, inclusive na medula óssea. A cutânea só fica a nível de pele, não entra no corpo, é menos grave e é mais comum no Nordeste. Em felinos a leishmaniose é mais rara.
DL - A doença não tem cura, então o animal que a contrai está fadado a morte?
Denise - Não tem cura, mas tem tratamento. A doença permanece, mas é controlada. O animal que contrai a doença precisa fazer um acompanhamento sorológico mensal e se o dono se comprometer a tratá-lo, o animal não estará fadado a morte. Para que o cão viva bem, é preciso fortalecer o sistema imunológico dele.
DL- Quais são os sintomas?
Denise - A doença tem três apresentações clínicas. Uma delas é assintomática, ou seja, não tem sintoma nenhum, mesmo que o animal tenha leishmaniose. Isso acontece quando o sistema imunológico do cachorro é bom. O segundo é oligossintomático, ou seja, com poucos sintomas. Nestes casos, o cão tem caspa ou um gânglio inchado. E há os sintomáticos, quando o sistema imunológico não responde a doença e aí a leishmaniose se prolifera mais rápido. Ou seja, não é a doença que demora para aparecer, é o sistema imunológico de cada cachorro, da raça, entre outros.
DL - E para os humanos, quais os riscos?
Denise - O risco para o humano é o mesmo do cão. Qualquer um dos dois pode ser picado pelo mosquito. O homem tem uma vantagem porque o sistema imunológico é mais forte. Os mais predispostos são crianças até 10 anos ou idosos, e pessoas com imunodeficiência. Vale sempre lembrar que os cachorros não passam a doença, então podem ser abraçados, beijados. Quem transmite é sempre o mosquito.

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