Brasília, DF — A prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na manhã deste sábado (22) gerou uma imediata e fervorosa mobilização de apoiadores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em frente à Superintendência da Polícia Federal (PF), em Brasília. O local, que se tornou palco de um dos dias mais tensos da política recente, foi cenário de celebração e de um breve momento de tensão entre facções políticas opostas.
Champanhe e Fogos de Artifício
A notícia de que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), havia convertido a prisão domiciliar de Bolsonaro em prisão preventiva, decretando a detenção no prédio da PF, rapidamente se espalhou, levando dezenas de militantes e eleitores de Lula ao local.
O ato de comemoração, iniciado nas primeiras horas da manhã, contou com o uso de garrafas de champanhe, que foram abertas e brindadas na rua. Os manifestantes exibiam faixas e cartazes e cantavam palavras de ordem, transformando a área em frente ao complexo policial em um ponto de desabafo político.
“É a Justiça sendo feita, é um passo fundamental para a democracia. O Brasil precisava ver essa resposta," afirmou Maria Antônia, uma das manifestantes, enquanto estourada uma garrafa de espumante.
Breve Confusão na Vigília
Apesar do clima predominante de festa entre os apoiadores de Lula, a polarização política característica do país se fez presente. Houve um breve desentendimento quando um indivíduo identificado como simpatizante de Jair Bolsonaro se aproximou da área de comemoração e iniciou uma troca de provocações e insultos com os manifestantes.
O confronto verbal, que ameaçou escalar para uma disputa física, foi rapidamente contido pelos próprios participantes do ato, antes que necessitasse de uma intervenção policial mais enérgica. Após o momento de atrito, a situação foi normalizada, e a celebração seguiu seu curso.
O Cumprimento do Mandado
A mobilização popular se deu horas após a Polícia Federal ter cumprido o mandado de prisão preventiva. A corporação confirmou, através de nota oficial, que agentes estiveram na residência de Bolsonaro, no Condomínio Solar de Brasília, no Jardim Botânico, e o conduziram para a Superintendência da PF no Distrito Federal por volta das 6h da manhã.
O ex-presidente, que estava em prisão domiciliar desde 4 de agosto por determinação do STF, devido ao descumprimento de medidas cautelares relacionadas a outro inquérito, teve seu status alterado para custódia na PF. A decisão de Moraes foi tomada após Bolsonaro admitir ter tentado adulterar a tornozeleira eletrônica, um ato que configurou risco de fuga e desrespeito à ordem judicial.
Natureza da Prisão Preventiva
É crucial ressaltar que a prisão preventiva decretada neste sábado não tem relação direta com a condenação de 27 anos e 3 meses de reclusão imposta a Bolsonaro no caso da trama golpista de 8 de Janeiro.
A ordem de Moraes é uma medida cautelar, ou seja, uma detenção provisória. Ela é fundamentada na necessidade de garantir a ordem pública, a instrução processual e evitar a reiteração de delitos – neste caso, a tentativa de violar o equipamento de monitoramento eletrônico e a desobediência às ordens judiciais.
Enquanto o caso é analisado pelo Supremo Tribunal Federal, o ex-presidente Jair Bolsonaro permanece detido na sala de Estado Maior na sede da Polícia Federal, aguardando a audiência de custódia marcada para o meio-dia deste domingo (23).
Fotos: Breno e Saki/Metrópoles