A prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), determinada neste sábado (22) pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, gerou uma forte reação diplomática imediata. A Embaixada dos Estados Unidos no Brasil publicou um comunicado oficial com críticas diretas à conduta do magistrado, elevando a tensão nas relações bilaterais.
O Posicionamento da Representação Americana
No texto, a representação diplomática americana não apenas questionou a decisão, mas também levantou sérias acusações contra Moraes, classificando-o como um "magistrado sancionado por violações de direitos humanos".
A Embaixada afirma categoricamente que a atitude do ministro "expôs o Supremo Tribunal Federal a constrangimento e desgaste internacional ao ignorar princípios tradicionais de autocontenção judicial e ao politizar de maneira explícita o andamento do processo". Essa declaração insinua que a medida cautelar, que converteu a prisão domiciliar de Bolsonaro em preventiva, teria motivações de ordem política, contrariando a imparcialidade esperada do Judiciário.
O juíz Moraes, um violador de direitos humanos sancionado, expôs o Supremo Tribunal Federal do Brasil à vergonha e ao descrédito internacional ao desrespeitar normas tradicionais de autocontenção judicial e politizar de forma escancarada o processo judicial. Os Estados Unidos… https://t.co/79FCAAxMmP
— Embaixada EUA Brasil (@EmbaixadaEUA) November 22, 2025
Detalhes da Decisão Judicial
A ordem de prisão, cumprida pela Polícia Federal na manhã de sábado, se deu após a conversão da prisão domiciliar que o ex-presidente vinha cumprindo. A decisão de Moraes foi motivada, segundo o próprio ministro, por fatos novos que indicariam um "elevado risco de fuga" do réu.
Os principais elementos que levaram à decretação da prisão preventiva foram:
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Violação da Tornozeleira Eletrônica: O Centro de Monitoração Integrada do DF comunicou ao STF que Bolsonaro teria tentado romper o equipamento de monitoramento eletrônico na madrugada de sábado, o que foi interpretado por Moraes como uma tentativa de fuga.
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Convocação de "Vigília": A decisão também citou a convocação de uma "vigília" por um parlamentar e filho de Bolsonaro, Flávio Bolsonaro (PL-RJ), para a noite de sábado nas proximidades da residência do ex-presidente. Moraes considerou que essa aglomeração criava um "altíssimo risco" à efetividade da prisão e poderia facilitar uma fuga, citando inclusive a proximidade da embaixada dos EUA como um possível destino de asilo.
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Risco de Reiteração: O magistrado também mencionou a fuga de outros réus e aliados políticos envolvidos no mesmo núcleo investigado da "trama golpista", reforçando o receio de que Bolsonaro pudesse adotar uma estratégia semelhante.
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Apesar da medida rigorosa, o ministro determinou que a prisão fosse cumprida "sem algemas e sem exposição" do ex-presidente, em respeito à sua dignidade. Bolsonaro foi condenado a 27 anos e 3 meses de prisão por crimes como tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado.
Repercussão e Próximos Passos
A defesa de Bolsonaro reagiu com "profunda perplexidade" à decisão, afirmando em nota que a motivação se baseia em uma "vigília de orações", garantida pela Constituição, e que irá apresentar os recursos cabíveis.
A crítica da Embaixada dos EUA amplifica a repercussão internacional do caso, colocando o Brasil no centro das atenções globais. A tensão entre o Judiciário brasileiro e a diplomacia americana adiciona uma camada de complexidade política a um cenário já delicado.
Audiência de custódia do ex-presidente está agendada para o domingo (23), onde a legalidade e a necessidade da prisão serão revisadas.