Colunista - David Muller
Queridos leitores, hoje trago um clássico da literatura austríaca, trata-se “A Morte de Virgílio” de Hermann Broch, um livro que merece destaque em qualquer biblioteca de leitores exigentes.
Hermann Broch foi um escritor austríaco que viveu o período nazista, sendo preso na Áustria e posteriormente solto se refugiou nos Estados Unidos, país em que faleceu em 1951.
O clássico de Broch “A morte de Virgílio” retrata um conflito psicológico de Virgílio, poeta, autor do clássico ocidental “Eneida” em suas últimas horas de vida, nesse momento então todas as grandes questões pairam sobre a alma de Virgilio, a vida como efêmera e a história como um trator que passa por cima de nossos rastros sob a esteira do tempo, eis que nasce o desespero de Virgílio, o que deixarei como legado?
Sobreviverei a história?
O romance se passa durante a visita do imperador Otávio Augusto a sua cidade natal, Brindisi, Virgílio é convidado especial do imperador, em sua última viagem o poeta em forma de monólogo tenta pacificar dentro de si os grandes grilhões que emergem de nosso mais íntimo pensamento, e ali entre erros e acertos o personagem debate sobre ser ou não ser perdoado por si próprio.
A obra exige uma reflexão profunda do leitor, Virgílio apenas expõe nossos últimos debates ante a morte, o desespero do homem frente a história, e ao encarar a verdade de sua própria existência, ao final é reconfortante pela profundidade filosófica dos últimos momentos, me lembrou “A morte de Ivan Ilitch” de Tólstói, com uma grande diferença, Virgílio se preocupa com o dever de sua existência frente ao mundo, Ilitch se desespera pela pequenez do homem frente o universo, tudo reduzido ao seu lar.
Emocionante e profundo, um livro para marcar vidas!