CPI da Covid pede indiciamento de infectologistas e investigação de Kalil

O relatório final da CPI da Covid-19 da Câmara de Belo Horizonte pede que o Ministério Público investigue o prefeito Alexandre Kalil (PSD) por possível crime de responsabilidade. O texto, protocolado na tarde desta quarta-feira (10), pede também o indiciamento dos infectologistas Carlos Starling e Estevão Urbano, que atuaram no Comitê Covid; do ex-presidente da BHTrans, Célio Bouzada; do ex-diretor da BHTrans, Daniel Marx; e do secretário municipal da Fazenda, João Fleury.    A matéria continua após a publicidade Link para baixar o aplicativo O relatório elaborado pelo vereador Irlan Melo (PSD) será votado pela comissão na quinta-feira (11) e, se aprovado, será enviado ao Ministério Público de Minas Gerais.  De acordo com o parlamentar, os infectologistas Carlos Starling e Estevão Urbano foram indiciados por integraram o Comitê de Enfrentamento da Covid ao mesmo tempo em que prestaram consultoria para o setor privado. “Há um nítido conflito de interesses entre a atuação deles como um comitê deliberativo e ao mesmo tempo prestando consultoria para escolas particulares”, diz Irlan Melo.  O relatório aponta supostas irregularidades no repasse feito pela prefeitura às empresas de ônibus da capital e pede que o prefeito Kalil seja investigado pela comissão de Ética da PBH. “Pedimos ainda que o prefeito Kalil seja investigado pela possível prática de crime de responsabilidade. Isso deve ser avaliado junto à comissão de Ética Pública, uma vez que os repasses não tinham nem pareceres”, afirmou o vereador.  "Com base em todo o relatado, especialmente as dúvidas razoáveis no que diz respeito ao procedimento de adiantamento de vales transportes; acordo judicial e ausência de publicidade do Comitê COVID, solicito ao Ministério Público do Estado de Minas Gerais a investigaçaõ de prática delituosa praticada pelo prefeito Alexandre Kalil", diz o relatório. 

Infectologistas rebatem acusações 

Procurado, o infectologista Carlos Starling respondeu por meio de mensagem que “trata-se de acusação absurda e caluniosa, de caráter político”. “Jamais aferimos lucro algum com o trabalho realizado de forma absolutamente voluntária a convite da prefeitura. Quem acusa, tem que provar, se não, trata-se de calúnia e difamação, que é crime. Estamos inteiramente disponíveis e abertos a qualquer tipo de esclarecimentos”, escreveu o médico. O infectologista Estêvão Urbana se disse surpreso com a decisão da CPI e descartou qualquer ganho pessoal por meio de consultorias. “Acho estranho a gente ser comunicado pela imprensa desse indiciamento sem sequer ser ouvido. Não participei da CPI, não fui ouvido para dar minhas explicações. Me sinto surpreso sem ao menos ter sido ouvido. Fui um dos diretores da Associação Mineira de Controle de Infecções Hospitalares, uma associação antiga, sem fins lucrativos, nenhum dos diretores são remunerados, que tem orçamento mensal pequeno, vive da anuidade paga pelos associados e de alguns congressos”, afirmou o médico.  “Nessa pandemia não houve mais congressos, ficou tudo fechado, então praticamente não nos reunimos, tivemos uma ou duas reuniões on-line. E a diretoria e a presidência é que devem ter continuado suas consultorias, que já são feitas há décadas, para eventualmente alguma escola, de como trazer segurança para as crianças na volta às aulas. Se houve rendimento disso, entrou para as contas da entidade, não para a conta física de alguém”, afirmou Estêvão Urbano.

“Politicagem e coisa requentada” 

O prefeito Kalil informou, por meio de sua assessoria, ester “envergonhado” pelo relatório final da CPI. “ Estou absolutamente envergonhado, não por mim, porque isso é politicagem e coisa requentada; mas pelos dois infectologistas, brilhantes, competentes, responsáveis por salvar tantas vidas, sendo tratados dessa maneira por causa de política”, diz o prefeito.  A prefeitura respondeu ainda, também por meio de nota, que “a Câmara cumpriu o papel de investigar, agora cabe ao Ministério Público avaliar os pedidos da CPI”.

Veja abaixo o relatório final da CPI 

RELATÓRIO VERSÃO FINAL

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