Edson Carlos Ribeiro trabalhava em um evento na noite do sábado (25/09) quando foi agredido por um participante da festa e morreu; o suspeito do crime, Pedro Lacerda, está preso desde então.
O laudo pericial apresentado pela Polícia Civil na tarde desta sexta-feira (8) apontou que o segurança Edson Carlos Ribeiro, morto após agressão pelo empresário Pedro Lacerda, teve morte súbita cardíaca. Segundo a equipe, a causa da morte não teve relação com a agressão sofrida pelo suspeito, que segue preso desde o ocorrido, no dia 26 de setembro.

“Foram duas semanas de intenso trabalho que envolveu delegados, peritos e médicos legistas. A Polícia Civil quando investiga ela não se preocupa com classe social de autor e vítima e não se preocupa com cor de pele de autor e vítima. Cada um dos profissionais envolvidos possui autonomia técnica para executar os seus trabalho investigativos”, disse o delegado Flávio Tadeu Destro.
Perícia
Segundo a equipe pericial, os trabalhos partiram da informação de uma agressão sofrida pela vítima enquanto trabalhava, na região superior entre a traqueia e a cabeça, por meio de um soco, com a a utilização de um suposto soco inglês. Para a perícia, não houve utilização do instrumento.
"Não havia no corpo nenhuma lesão sugestiva por meio de um soco-inglês", disse o perito Carlos Eduardo Leal.
"O que encontramos foi um hematoma na região da nuca e na parte frontal da cabeça, além de uma infiltração. Não havia feridas. Havia infiltração hemorrágica e não era visível externamente. Demos especial atenção à região da cabeça e não encontramos nenhum tipo de lesão, na traqueia, laringe, além dessa pequena infiltração. Seguimos no exame e o que nós encontramos foi um coração muito aumentado. Procedemos e verificamos que o que se destacava ainda mais era a extensão do ventrículo esquerdo e, assim, levantamos várias hipótese. Levamos esse coração para Belo Horizonte para exame microscópico e o diagnóstico foi uma morte súbita cardíaca secundária à doença já preexistente, de cardiomiopatia hipertrófica", disse o médico legista, Marcell de Barros Duarte Pereira.
Ouça a Coletiva de Imprensa
[audio mp3="https://destaknewsbrasil.com.br/wp-content/uploads/2021/10/Coletiva-PC.mp3"][/audio]Segundo a médica legista, Andressa Vinha Zauncio, o estado de estresse vivenciado no momento da agressão poderia de fato, ter causado a morte súbita do segurança, mas a lesão que ele sofreu, em decorrência do soco, não seria capaz de levá-lo à morte. “Nenhuma lesão apresentada o levaria à morte”, enfatizou.
Ainda segundo a equipe, Edson fazia uso de medicamentos regulares quando foi diagnosticada a doença cardíaca e a partir daí houve um ajuste medicamentoso. A esposa do segurança disse aos policiais que não tinha conhecimento da cardiomiopatia hipertrófica e que sabia apenas que ele era hipertenso.
Caberá agora à Justiça, definir sobre a pena do suspeito, Pedro Lacerda. O titular da ação penal é o Ministério Público e diante do que for apresentado, o MP pode solicitar novas diligencias da Polícia Civil dentro do inquérito e do eventual processo.
Pedido de Justiça
Quando a morte do segurança completou uma semana, no último dia 2, familiares e amigos fizeram uma carreta em Divinópolis com objetivo de cobrar por justiça nas investigações.
Os sentimentos de tristeza e revolta marcaram a carreta realizada neste sábado. Frases com os dizeres "Justiça por Edson" foram escritas nos veículos. Edson trabalhava em um evento no Parque de Exposições quando foi agredido por um participante da festa, não resistiu e morreu tempo depois.
O suspeito pelo crime, o empresário Pedro Lacerda, está preso deste então. Na última quinta (29), a Justiça negou o pedido de revogação da prisão preventiva dele. Ao g1, o advogado de defesa William Gomes Melo disse na ocasião que o pedido de revogação foi feito no dia 27 e negado na quinta-feira.
"Esse foi único pedido feito até então", afirmou.
Até então, a defesa disse que não faria nenhum outro ato até que tenha acesso ao laudo pericial.
Pedido negado
Segundo o juiz Ivan Pacheco de Castro na decisão do último dia 7, agora responsável pelo processo, não cabe a ele alterar a decisão decretada no último domingo (26) em audiência de custódia feita pelo juiz Mauro Riuji Yamane, que decretou a prisão preventiva.
"Desde a decisão proferida pelo juízo plantonista, não houve qualquer alteração da situação de fato ou de direito do requerente. Ao que acrescento que este magistrado não tem competência revisional de decisões proferidas por colegas durante o plantão forense", descreveu na decisão o juiz Ivan Pacheco.
Na ocasião ele ainda acrescentou que se tratava de crime extremamente violento, pois a vítima teria sido atingida na cabeça por um golpe com o instrumento soco-inglês, perdeu a consciência e foi a óbito no local dos fatos.
"E tudo por motivo aparentemente pequeno, por ter impedido o autuado de acessar uma área restrita da festa e por ter lhe chamado a atenção após flagrá-lo urinando em local impróprio", descreveu o juiz.
No documento constava ainda que há prova da materialidade do crime e fortes indícios fortes de autoria, mediante declarações de três testemunhas que afirmaram ter presenciado o momento do golpe sendo que um deles ainda ouviu o suspeito afirmando ter golpeado a vitima "porque quis".
"A gravidade do fato e sua repercussão negativa na imprensa local justificam a prisão cautelar como forma de resguardar a segurança e pacificação social. Ademais, a periculosidade de um cidadão que, em tese, vai a uma festa armado com 'soco-inglês' e o utiliza para golpear outro cidadão que ali apenas trabalhava é evidente", prosseguiu o juiz.
"Se as circunstâncias do caso demonstram, concretamente, a periculosidade acentuada do paciente ou geram manifesta repercussão social negativa, extrapolando o tipo penal imputado, a prisão preventiva se impõe como medida jurídica salutar, ainda que o paciente possua condições pessoais favoráveis. Diante disso, não se vê espaço, por ora, para a revogação da prisão preventiva do autuado Pedro Henrique Lacerda Faria. Por tais motivos, INDEFIRO o pedido", finaliza o juiz no documento disponibilizado ao g1 pelo TJMG.
O caso
Edson trabalhava como segurança em uma festa realizada no último sábado (25) e morreu após sofrer agressão por parte do suspeito Pedro Lacerda, que está preso no Presídio Floramar.
Segundo informações do registro da Polícia Militar (PM), Pedro teria se irritado com o segurança após ele o impedir de entrar em camarote sem autorização. O empresário teria agredido o segurança com socos no rosco e testemunhas disseram que Pedro utilizou um soco-inglês contra a vítima. Até momento, esse objeto não foi localizado pela polícia.