Você já pensou em poder caminhar abaixo das históricas ruas de São João del-Rei? Conhecer por dentro as gigantescas rochas em que a cidade foi construída, e as famosas minas de ouro que geraram riquezas no Brasil Colônia? Isso algum dia pode se tornar realidade, pois há alguns metros abaixo do solo da cidade, existe um complexo gigantesco de galerias, túneis e minas de ouro, cavados e explorados a mais de 300 anos, formando uma cidade subterrânea, sendo uma riqueza de valor incalculável.
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Os túneis conectam diversos pontos da cidade, como o bairro Senhor dos Montes e a centenária Igreja do Carmo. Somente no centro histórico, já foram catalogadas 20 minas de grande profundidade, cavadas na rocha por escravizados no início da exploração do ouro no Brasil e, especialmente, em São João del-Rei. Todas elas são conectadas por túneis e galerias.
As minas de ouro de São João del-Rei são conhecidas localmente como Betas, sendo testemunhos de um passado histórico e geológico, apresentando vestígios do ciclo do ouro e da evolução geológica desse mineral. Elas marcam o início da história econômica de São João del-Rei, já que a cidade se desenvolveu a partir da exploração do ouro a mais de 300 anos.
Dentre todas as 20 betas já catalogadas, a Mina de Ouro Tancredo Neves é a mais conhecida. Com 60 metros de profundidade, a mina é equipada com iluminação e escadas para facilitar o acesso. Existem projetos de implantação do Museu do Ouro, para contar a história da extração das rochas, rotas turísticas dentro das minas e o aumento da segurança do local.
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Além das minas, a Serra do lenheiro contém uma obra hidráulica gigantesca, que a mais de 200 anos levava água até as galerias, para o processo de lavagem do ouro extraído das rochas de quartzo, conectando todas as betas do centro histórico à serra.
O maior desafio para se ter acesso aos túneis é a grande concentração de lixo que está entupindo os caminhos entre as betas. Fortes chuvas carregam barro, cascalho e objetos plásticos para dentro das passagens, obstruindo as conexões entre elas. Dezoito das 20 minas estão entupidas, sendo um problema para exploração turística no momento, além da economia e a saúde da cidade.
Existem poucas cidades subterrâneas no mundo. No Brasil, a mais conhecida é a de Brasília, que também contém túneis e galerias. Caso o poder público demonstre interesse em cuidar das galerias da cidade, somado a investimentos de terceiros no projeto, a cidade de São João del-Rei poderia se tornar um polo turístico único no mundo, unindo o histórico, o geológico, o cultural e o arquitetônico, já que diversos pontos turísticos da cidade poderiam ser acessadas pelo subsolo.
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“Tenho toda a documentação para a abertura da Mina. Meu objetivo é colocar a mina em funcionamento para alavancar o turismo na cidade” - ressalta Guido de Mendonça Chaves, proprietário da Mina Tancredo Neves. “Tenho projetos de atelier para fazer joias, lojas nas dependências da mina, uma banca de divulgação na Maria Fumaça e até mesmo uma pousada”.
Atualmente não há previsão de reabertura da Mina Tancredo Neves, já que a mesma ainda precisa passar por algumas reformas para reforçar a segurança. Além disso, a pandemia de COVID-19 atrasou a reinauguração da Mina. Além disso, não há projetos de revitalização das outras 19 minas espalhadas pela cidade.
O Mais vertentes visitou a mina, e fomos guiados pelo Luciano, um dos cuidadores da Mina, confira no vídeo abaixo:
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