

Encanamentos e mobilidade vertical mudaram tudo
As duchas diárias são um fenômeno razoavelmente novo, segndo Donnachadh McCarthy, ambientalista e escritor de Londres que cresceu tomando banhos semanais. “Nós tomávamos banho uma vez por semana e nos lavávamos na pia no resto da semana – as axilas e as partes íntimas – e pronto”, afirmou McCarthy, de 61 anos. Ao envelhecer, ele passou a tomar banho de chuveiro diariamente. Mas depois de uma visita à floresta amazônica em 1992, revelou os desastres do desenvolvimento excessivo, começou a reconsiderar até que ponto os seus hábitos diários estavam afetando o meio ambiente e o seu próprio corpo. “De fato, não é bom lavar-se com sabão todos os dias”, afirmou. Ele toma ducha uma vez por semana. Médicos e especialistas em saúde afirmam que os banhos de chuveiro diários são desnecessários, até mesmo contraproducentes. Lavar-se com sabão todos os dias é um hábito que pode eliminar os óleos naturais da pele e fazer com que ela pareça seca, embora os médicos ainda recomendem lavar as mãos com frequência. A obsessão dos americanos com a limpeza surgiu por volta da virada do século 20, quando as pessoas começaram a mudar-se para as cidades depois da Revolução Industrial, disse James Hamblin, professor da Universidade Yale e autor do livro Clean: The New Science of Skin and the Beauty of Doing Less. As cidades eram mais sujas, por isso os moradores sentiam a necessidade de se lavar com mais frequência, disse Hamblin, e a produção de sabão se tornou mais frequente. Os encanamentos das casas também começaram a ser aprimorados, consentindo à classe média um maior acesso à água. Para se distinguirem das massas, as pessoas ricas passaram a investir em sabonetes e shampoos mais refinados e a tomar banhos mais frequentes, ele disse. “Foi uma espécie de corrida armamentista”, segundo Hamblin. “Se a pessoa pudesse tomar banho todos os dias, seria um indicador de riqueza”.