
- 05/05/2025 - Itapecerica/MG
Grampos telefônicos autorizados pela Justiça no âmbito das investigações da Operação Prato Feito, que apura desvios de R$ 1,6 bilhão em contratos de merenda escolar de prefeituras paulistas, constataram que empresários e gestores orientavam a substituição de alimentos destinados aos estudantes por outros mais baratos ou diluídos. Desse modo, a carne era substituída por ovos; leite e cereais por biscoito e suco, e o leite era misturado com água para render mais.
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“O que é chocante é ouvir empresário dizendo para cortar a carne e fornecer ovos para as crianças”, disse a delegada Melissa Maximino Pastor, coordenadora da Unidade de Inteligência da Delegacia de Combate à Corrupção e Crimes Financeiros da Polícia Federal São Paulo. Ela ressaltou que os contratos de fornecimento de merenda não eram cumpridos integralmente para possibilitar desvio dos recursos. O áudio flagrado ocorreu em uma negociação na prefeitura de Araçatuba, segundo a delegada.
O secretário adjunto de Controle Interno da CGU, Roberto César de Oliveira Viegas, afirmou que somente neste contrato da prefeitura de Araçatuba foi constatado um desvio de R$ 2,2 milhões em um contrato de R$ 3,7 milhões de repasses de recursos federais para compra dos alimentos da merenda. “Encontramos substituição de alimentos consideráveis, como a contratação de café da manhã aos alunos com leite e cereais, quando eram servidos somente biscoito e suco”, ressalta Viegas.
De acordo com a PF, algumas escolas ofereciam apenas uma bolacha e leite diluído em água aos alunos. Na prefeitura de Araçatuba, as crianças passaram a ser proibidas de repetir refeições e começaram a receber “pratos feitos”, o que deu nome à operação. Segundo a delegada Melissa, o contrato estabelecia que as crianças poderiam repetir o almoço “várias vezes, mas que, por desvio, passaram a receber somente um prato feito”.
Segundo a delegada responsável pela investigação, os grampos telefônicos interceptados entre os empresários, lobistas e assessores dos prefeitos indicam ainda que ocorre o pagamento de propina de forma contínua, mesmo sem o pretexto de ajuda para campanhas eleitorais. “Encontramos valores depositados na conta direta de prefeitos, de secretários, de seus parentes ou de assessores. Também usavam empresas laranjas para tentar lavar o dinheiro da corrupção”, afirmou Melissa.

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