Mil pessoas reuniram-se, nesta terça-feira (27), para dar adeus à Letícia Sousa Curado de Melo, 26 anos, assassinada na sexta-feira pelo cozinheiro desempregado Marinésio dos Santos Olinto, 41. Esforçada, gentil e amorosa, como é descrita por amigos e familiares, a advogada e funcionária do Ministério da Educação (MEC) teve um enterro marcado por lágrimas e homenagens no Cemitério de Planaltina. Em pouco mais de uma hora de cerimônia, os presentes falaram sobre as experiências com a mãe de um menino de 3 anos e entoaram cânticos evangélicos.
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Sem conseguir falar devido à comoção, a mãe de Letícia, que pediu para não ter o nome publicado, escreveu uma carta, lida por uma tia da jovem. “Foi o dia mais triste da minha vida”, dizia o texto, em referência à segunda-feira, data em que a Polícia Civil encontrou o corpo da advogada. O testemunho abordou uma das paixões de Letícia: o direito. Ela escolheu o curso após estagiar como menor aprendiz no Fórum do Tribunal de Justiça do DF e dos Territórios (TJDFT), em Planaltina, narrou a carta.
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(foto: Ed Alves/CB/D.A Press)[/caption]
Os amigos que choraram a morte de Letícia ressaltaram o jeito carinhoso e encantador da moça. O autônomo Higo José Reis, 32, lembrou do companheirismo da advogada. “Ela era uma pessoa maravilhosa, positiva e que estava ao lado dos amigos sempre que precisavam. Não merecia isso”, afirmou.
Padrinho do filho de Letícia, o bombeiro Leandro Dias, 30, agradeceu à população pelo apoio e aos envolvidos na busca pela funcionária do MEC, que foi dada como desaparecida na sexta-feira. “Os compartilhamentos nas redes geraram uma comoção social. A Polícia Civil esteve junto ao caso o tempo todo, trabalharam como nunca. Eles realmente compraram a briga. A família está muito agradecida por todos os gestos de carinho”, frisou.
Indignação
Além das homenagens, os amigos de Letícia mostraram indignação pela barbárie. “Não quero ter ódio de quem fez isso. Quero que a justiça seja feita e que quem fez isso seja punido, mas o que fica é a saudade. Ela deixou um ensinamento. Vivia a vida de uma forma leve e direita, sem fazer mal a ninguém”, destacou a amiga de Letícia, a fotógrafa Aise Letícia Rodrigues, 24.
Ela conheceu Letícia no Centro de Ensino Fundamental de Planaltina 1 (CEF 1 Centrinho), quando cursaram a 5ª série. Aise contou que esteve na casa da advogada e alegou que a situação com o filho da vítima ainda é delicada. “A avó paterna falou que ele ouviu por cima, Ninguém tinha dito diretamente. Ele é muito pequeno. Estamos vendo a melhor forma de falar isso”, comentou.
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(foto: Ed Alves/CB/D.A Press)[/caption]
Marido
Mais cedo, no início da tarde, o marido de Letícia, Kaio Fonseca Curado, 26, esteve com familiares no Instituto de Medicina Legal (IML), de onde o corpo foi liberado por volta das 14h. Abalado, o marido da advogada preferiu não dar entrevista. Primo dela, o bombeiro Rosenvelt Ferreira, 44, que acompanhava Kaio, comentou o sofrimento da família devido ao desfecho do caso. “É um sentimento de dor muito grande. A gente procura palavras para expressar o que a família está sentindo, mas não encontra”, lamentou.
Sobre as novas vítimas que surgiram a partir da divulgação do caso, Rosenvelt disse esperar que o assassino confesso de Letícia “pague pelos crimes que cometeu”. “Espero que ele não fique impune. Que ele pague não só pelo que fez com a Letícia, mas também pelo que fez com a outra vítima e, talvez, venham até outros casos, como os que a polícia está investigando”, frisou.
Após a descoberta da morte da advogada, o clima em Arapoanga é de insegurança e comoção. “Quando ficamos sabendo que ela havia entrado em um carro precisando de transporte pirata, aquilo mexeu muito com a gente. Porque ônibus no Arapoanga é muito difícil, então tem vezes que não temos escolha”, disse a comerciante Maria das Neves, 50. Ela trabalha ao lado do prédio onde morava Letícia. No edifício da jovem, uma faixa preta pendurada na varanda manifestava o luto.
Guerreira
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(foto: Instagram/Reprodução)[/caption]