Mulher encontrada sem memória é identificada pela PCMG e PM

Uma mulher de 37 anos, com perda repentina de memória, vagando sem documento por Lagoa Santa, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Assim começou a saga de Cíntia Pimenta Machado, que saiu de casa em Contagem, no dia 22 de outubro, e foi dada como desaparecida pela família.
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No dia seguinte (23), com auxílio de moradores daquela cidade, Cíntia foi encaminhada à Divisão de Referência da Pessoa Desaparecida (DRPD) da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), sem recordar-se do próprio nome. Naquele momento, Cíntia tinha apenas uma lembrança: a imagem dos dois filhos. Após minucioso trabalho de investigação, foi possível identificar a mulher e promover o encontro dela com a família.
A Chefe da DRPD, Delegada Maria Alice Faria, destaca o serviço prestado pela unidade policial, que segue procedimentos padronizados visando “atender a todos de forma humanizada, respeitando o sofrimento de cada um, buscando sempre realizar um serviço ágil a fim de minimizar a dor dessas pessoas”.
Segundo a assistente social da DRPD, Marluci Zucherato, foram quase três horas de entrevista até conseguirem desvendar a identidade de Cíntia. Os policiais militares, tenente Luiza e cabo Leonardo, que encaminharam a mulher à delegacia, auxiliaram na entrevista.
Conforme relato da tenente Luiza, em nove anos como militar, foi a primeira vez que ela acompanhou uma ocorrência com essas características, descrevendo-a como “muito humana”. Ela ressalta ainda que o caso ganhou tanta repercussão na corporação, que os militares foram homenageados internamente pelo trabalho desempenhado.
Cintia não possui histórico de doença psiquiátrica e afirma nunca ter passado por situação semelhante. Ela conta que, após o ocorrido, consultou um psiquiatra que avaliou tratar-se de um episódio desencadeado por questões emocionais.
Desaparecimento
No dia 22 de outubro, conforme relato, Cíntia teria saído de casa no intuito de ir até a CDL, em Belo Horizonte. Ela conta não se lembrar do que aconteceu em seguida. É como se a memória dela, nesse ponto, tivesse sido apagada. Quando percebeu, Cíntia estava dentro de um ônibus, chegando à rodoviária de Lagoa Santa, sem lembrança alguma, sequer recordava-se do próprio nome.
Ela então desceu do ônibus e passou a vagar pela cidade, na esperança de encontrar algo familiar. Depois de horas caminhando, com fome e cansada, Cíntia avistou um local para lanchar. Durante conversa com a proprietária do ponto comercial e com um cliente, ela contou sobre a perda da memória.
Compadecidos com a história, o rapaz disponibilizou um quarto na casa dos pais para que ela pudesse passar a noite. No dia seguinte, Cíntia foi levada à Unidade de Atendimento Integrado (UAI), no centro de Belo Horizonte, na expectativa de que lá pudessem identificá-la pelas digitais.
Durante o trajeto, lendo um jornal, Cíntia conta que conseguiu se lembrar com muita nitidez dos primeiros nomes e da fisionomia dos filhos, Brenda e Ryan.
Quando chegou à UAI, as atendentes perceberam a desorientação da mulher e acionaram a Polícia Militar. Conforme conta a tenente Luiza, ao verificar a bolsa da mulher foi encontrada a primeira pista: um livro de autoajuda com uma dedicatória feita pela tia de Cíntia. Quando chegou à delegacia, a Delegada Maria Alice pediu que a mulher, sem pensar muito, assinasse o próprio nome em um papel, confirmando tratar-se de Cíntia P. Machado. Ainda assim, não foi o suficiente para identificá-la.
Durante todo o relato, Cíntia lembrava-se de episódios relacionados aos filhos. No entanto, a identificação só foi possível após ela recordar-se do sobrenome da filha. “Quando ela lembrou do sobrenome Dutra, identificamos a filha (Brenda)  e pelo sistema de dados da polícia conseguimos identificar a mãe, Cíntia Pimenta Machado que lá [no sistema] constava como pessoa desaparecida”, conta a assistente social Marluci.
Reencontro
Após constatação da identidade, os parentes de Cíntia foram chamados à delegacia. No local, os familiares foram informados sobre a perda de memória da mulher que, naquele momento, só se recordava dos filhos.
Ao ver o marido, Cíntia relembra que o associou a duas lentilhas, mas não conseguiu identificá-lo imediatamente. Com o tempo, ela recordou que, no início do namoro, as sementes foram plastificadas pelo companheiro, simbolizando a união dos dois.
Emocionada, ela ressalta: “a parte mais difícil foi ver o sofrimento da minha família; ver nos olhos deles a preocupação comigo e eu não conseguir lembrar”. Quase um mês após o ocorrido, Cíntia conta que está bem e se recupera gradualmente.

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