Em reunião do PSDB, Alckmin critica Doria: 'Traidor eu não sou'

Dois dias após amargar o quarto lugar na eleição presidencial, o candidato e presidente nacional do PSDB, Geraldo Alckmin, criticou o candidato ao governo de São Paulo, João Doria, a durante reunião da Executiva Nacional do partido, em Brasília. Em trecho da reunião obtido pelo Estado, Alckmin chamou Doria de "temerista" e diz:"Traidor eu não sou". O ex-prefeito de São Paulo diz que não guarda ressentimento das declarações.
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Durante a reunião, Doria cobrava do partido mais ajuda financeira às campanhas dos candidatos a governos estaduais que passaram para o segundo turno."Não posso imaginar que um partido da dimensão do PSDB não tenha projetado a existência de um segundo turno, seja para Presidência da República, seja para os governos. Se não fez, errou", disse Doria pouco antes da primeira intervenção de Alckmin. Ele cita diretamente as campanhas de Antonio Anastasia, em Minas, e Eduardo Leite, no Rio Grande do Sul, para criticar a falta de repasses da Executiva Nacional.
Em seguida, Doria continua sua fala e afirma que o partido deve se concentrar inteiramente à eleição de seus seis representantes que passaram ao segundo turno. "Terminada a eleição, aí sim fazermos, de forma dedicada, uma avaliação completa sobre erros, certos, sobre equívocos, pontos onde o PSDB não cumpriu seu papel. De uma forma mais incisiva, reconheço, mas não podemos fugir dessa avaliação. Teremos de fazer novamente", afirma. Nesse momento, Alckmin afirma a Doria: "O 'temerista' não era eu não, era você", numa associação com o governo federal marcado pelo alto grau de impopularidade. E diz na sequência: "Você, você". Alckmin era contrário ao ingresso do PSDB no governo Michel Temer com participação em ministérios.
Doria rebate dizendo que Alckmin estava diante de dois ex-ministros de Temer e que, por isso, não poderia desrespeitá-los. Ele cita o senador José Serra, que foi ministro das Relações Exteriores, e o deputado federal Bruno Araújo, que comandou a pasta de Cidades. Ambos fazem parte da executiva. Também ressalta que o senador Aloysio Nunes segue no governo, como sucessor de Serra. "Vamos ter discernimento em relação a isso, calma e equilíbrio. Alckmin então diz: "Traidor eu não sou." E outra pessoa completa: "Nem falso" - não é possível identificar quem no áudio.
Sem qualquer alteração na voz, Doria pede novamente calma e equilíbrio.  "Não vou entrar nesse mérito em respeito a você, mas volto a dizer que nós precisamos ter uma posição definida pelo partido para o segundo turno com os seis candidatos que aqui estão e que precisam do apoio para vencer as eleições. Geraldo, compreendo evidentemente sua situação e o ideal era que você pudesse ter vencido as eleições, não há dúvida, mas agora temos de preservar e salvar o PSDB nos seis Estados."
 Doria ainda defendeu que o PSDB declare apoio a Bolsonaro e afirmou que não há a menor condição de o partido não manifestar oposição ao PT neste segundo turno presidencial.  "Não há a menor possibilidade, ao ver, de o PSDB não manifestar claramente uma posição contra o PT, que quase destruiu o Brasil e o PSDB." Após o fim da reunião, o partido decidiu não apoiar nenhum dos dois candidatos à Presidência.
Procurado pelo Estado, o ex-prefeito João Doria não respondeu a Alckmin. Disse apenas: "Da minha parte, sem ressentimento."

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