Campanha da Havaianas com Fernanda Torres gera onda de boicotes e polêmica nas redes sociais

A Havaianas, uma das marcas brasileiras mais icônicas no exterior, encontra-se no centro de uma tempestade digital. O motivo é a nova campanha publicitária de fim de ano estrelada pela atriz Fernanda Torres. O comercial, que busca brincar com as tradições de Ano Novo, acabou despertando a fúria de internautas e influenciadores políticos, resultando em uma mobilização por boicote à marca. O Ponto de Discórdia No vídeo em questão, Fernanda Torres faz um monólogo sobre as expectativas para a virada do ano. Em determinado momento, a atriz afirma que “não quer que as pessoas comecem o ano com o pé direito”. Embora o roteiro da peça sugira uma quebra de clichês e superstições — propondo que o importante é o conforto e a liberdade —, a frase foi imediatamente interpretada por uma parcela do público como uma "indireta" ou um posicionamento político contra a direita brasileira. Em um cenário de forte polarização, o jogo de palavras foi o estopim para uma reação em cadeia. Reação Política e Mobilização nas Redes A repercussão negativa escalou rapidamente, liderada por figuras influentes da política nacional. Gilson Machado Filho (PL): O vereador foi enfático ao declarar que deixaria de usar os produtos da empresa: "Vou começar o próximo ano com o pé direito em outra marca". Luiz Lima (PL): O deputado federal também utilizou suas redes para criticar a peça publicitária, reforçando o coro pelo boicote e questionando a estratégia da empresa. Eduardo Bolsonaro (PL): O deputado federal compartilhou o vídeo de forma irônica, o que serviu como catalisador para que milhares de apoiadores inundassem as redes da Havaianas com críticas e promessas de cancelamento de compra. Diante do volume de comentários agressivos e da "enxurrada" de críticas, a Havaianas tomou a medida drástica de bloquear os comentários na publicação oficial em seu perfil no Instagram, na tentativa de conter o dano à imagem. Análise: O Risco da Ambiguidade no Marketing Especialistas em branding e marketing digital apontam que o episódio serve como um alerta para as grandes corporações. Em um Brasil onde o consumo está cada vez mais atrelado a valores ideológicos, mensagens que dão margem à dubiedade podem ser fatais para a reputação de uma marca. "Em um país polarizado e com as emoções à flor da pele devido ao ciclo eleitoral contínuo, campanhas com mensagens ambíguas tendem a ser 'sequestradas' pelo debate político, independentemente da intenção original da marca", explicam consultores da área. Posicionamento da Marca Até o fechamento desta reportagem, a Alpargatas (detentora da marca Havaianas) não havia emitido uma nota oficial de esclarecimento ou retratação. O silêncio da empresa tem sido interpretado de formas distintas: por alguns, como uma tentativa de esperar a poeira baixar; por outros, como uma falta de agilidade na gestão de crise. A polêmica levanta um debate necessário sobre os limites da criatividade publicitária em tempos de vigilância digital extrema e como marcas globais devem navegar no sensível terreno da cultura brasileira atual.