Operação Sem Desconto: PF aponta Lulinha como destinatário de repasses em esquema do INSS

Investigação revela anotações em agendas, diálogos sobre destruição de provas e transferências de R$ 1,5 milhão que citam o filho do presidente Lula.

BRASÍLIA – O avanço da Operação Sem Desconto, que investiga um esquema bilionário de fraudes e descontos indevidos em aposentadorias do INSS, atingiu um novo patamar de sensibilidade política. Relatórios da Polícia Federal (PF), obtidos e detalhados pela repórter Mariana Haubert, do Poder360, colocam Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, no centro de diálogos e anotações apreendidas com os principais operadores do esquema.

O "Envelope Sensível" e as Anotações na Agenda

A PF identificou menções diretas a Lulinha em materiais confiscados logo na primeira fase da operação, em abril de 2025. Em uma agenda pessoal, agentes encontraram a anotação: “Fábio (filho Lula)”, vinculada a dados de um flat no condomínio de luxo Brisas do Lago, em Brasília, e a credenciais para camarotes de shows.

A preocupação dos envolvidos com esses registros ficou evidente em mensagens trocadas no dia 29 de abril. A empresária e lobista Roberta Luchsinger alertou Antônio Carlos Camilo Antunes, o "Careca do INSS", sobre as buscas:

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“E só para você saber, acharam um envelope com nome do nosso amigo no dia da busca e apreensão”.

A resposta de Careca foi um lacônico e preocupado “Putz”. Segundo a PF, o envelope continha ingressos e credenciais para eventos na capital federal.

Conexões Financeiras: R$ 1,5 milhão sob Suspeita

Um dos pontos mais sensíveis da investigação reside nos relatórios do Coaf. O órgão de inteligência financeira detectou que Roberta Luchsinger recebeu R$ 1,5 milhão de Antônio Carlos, divididos em cinco transferências de R$ 300 mil.

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Na decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que autorizou as novas diligências, há a menção de que esses valores teriam como destino final o “filho do rapaz”, um codinome que, para os investigadores, refere-se a Lulinha. Para a Polícia Federal, Roberta e Careca não mantinham uma relação profissional comum, mas sim uma “atuação societária” voltada ao tráfico de influência.

Crise Interna na Polícia Federal

A investigação gerou uma divisão clara dentro da corporação:

  • Ala Investigativa: Defende que o volume de menções e o fluxo financeiro exigem o indiciamento e o aprofundamento das buscas sobre o filho do presidente para esclarecer se houve recebimento de vantagem indevida.

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  • Ala Institucional: Argumenta que, no meio político, o uso de nomes de parentes de autoridades é uma tática comum de lobistas para "vender fumaça" (simular prestígio que não possuem), e que ainda não há prova cabal da participação direta de Lulinha na execução das fraudes.

O Que Dizem as Defesas e o Planalto

As defesas negam categoricamente qualquer crime. O advogado de Roberta Luchsinger, Bruno Salles, afirma que os repasses financeiros dizem respeito a negócios no setor de canabidiol e que a relação com Fábio Luís é estritamente de amizade.

Marco Aurélio de Carvalho, porta-voz jurídico da família Silva, classificou as revelações como "vilanias" e "fofocas" que visam atingir o governo. O presidente Lula, por sua vez, adotou um tom de distanciamento republicano ao declarar que ninguém, nem mesmo seus filhos, terá privilégios se irregularidades forem comprovadas.

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Entenda o Crime de Tráfico de Influência

Conceito Descrição
O que é Solicitar, exigir ou obter vantagem para influenciar ato praticado por funcionário público no exercício da função.
Pena Reclusão, de 2 a 5 anos, e multa.
Agravante A pena é aumentada da metade se o agente alega que o valor também se destina ao funcionário público (ou parente).

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