SÃO PAULO – Em um discurso marcado pelo tom político e de antecipação do cenário eleitoral, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta sexta-feira (19), que está pronto para enfrentar e derrotar a extrema direita nas eleições de 2026. A declaração ocorreu durante o Pavilhão do Anhembi, na zona norte da capital paulista, onde participou da 21ª edição do Natal dos Catadores e Catadoras de Materiais Recicláveis.
"Vamos dar uma surra", afirma o presidente
Apesar de ressaltar que o foco atual de seu governo é o trabalho administrativo, Lula não poupou palavras ao comentar as movimentações da oposição para o próximo pleito presidencial.
“Sei que tem muita gente já pensando nas eleições de 2026. Eu ainda não posso pensar porque ainda tenho que trabalhar. Mas deixa eles pensarem. E, quando quiserem, venham. Porque vamos dar uma surra em quem se meter a achar que a extrema direita vai voltar a governar este país”, declarou o mandatário sob aplausos da plateia.
O presidente reforçou seu compromisso com a democracia e criticou o uso de desinformação, afirmando que o país não pode permitir o retorno de um governo "fascista e negacionista". Lula responsabilizou a gestão anterior pela gestão da pandemia de Covid-19, citando as mais de 700 mil mortes como consequência da falta de investimentos em vacinas e oxigênio.
Vitalidade e a "Causa" aos 80 anos
Próximo de completar 80 anos, Lula rebateu críticas sobre sua idade e demonstrou disposição para seguir na vida pública. Ele revelou o desejo pessoal de viver até os 120 anos e explicou o que o mantém motivado: "Eu digo para todo mundo: sabe por que eu não vou envelhecer? Porque eu tenho uma causa. Tenho tesão para governar este país", afirmou.
Prisões de generais e o plano de golpe
Um dos momentos mais tensos do discurso foi quando o presidente mencionou as investigações da Polícia Federal sobre a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Lula destacou o caráter inédito das recentes prisões de altos oficiais das Forças Armadas.
“Pela primeira vez nesse país, nós temos quatro generais de quatro estrelas presos pela tentativa de golpe. Pela tentativa de fazer um plano para matar o Lula, para matar o Alckmin e para matar o Alexandre de Moraes”, pontuou, referindo-se aos desdobramentos das investigações sobre o plano "Punhal Verde e Amarelo".
Embate com o Congresso: O veto ao PL da Dosimetria
No campo legislativo, o presidente mandou um recado direto ao Congresso Nacional ao anunciar que irá vetar o Projeto de Lei da Dosimetria, que visa reduzir penas para determinados crimes.
“Com todo respeito aos deputados e senadores que votaram a lei da redução da pena, eu quero dizer para vocês: eu vou vetar essa lei. E se eles quiserem, que derrubem o meu veto”, desafiou. Lula utilizou sua própria trajetória política como exemplo de respeito às instituições, lembrando que aceitou as derrotas eleitorais no passado sem questionar o sistema democrático.
Presença de ministros e lideranças
O evento, que reuniu cooperativas, especialistas e organizações internacionais, serviu também como demonstração de força política. Lula estava acompanhado de figuras centrais de seu governo e aliados estratégicos, incluindo:
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Fernando Haddad, Ministro da Fazenda;
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Alexandre Padilha, Ministro das Relações Institucionais;
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Guilherme Boulos (PSOL), deputado federal e aliado próximo;
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Além de representantes de diversos ministérios e governos locais.
O Natal dos Catadores é uma agenda tradicional de Lula desde seus primeiros mandatos, simbolizando a proximidade do petista com os movimentos sociais e a base popular.