Petroleiros Deflagram Greve Nacional Após Negociações Frustradas com a Petrobras

Funcionários do Sistema Petrobras deflagraram, à 0h desta segunda-feira (15), uma greve nacional sem previsão para término. A paralisação ocorre após a rejeição, pela categoria, da contraproposta apresentada pela Petrobras para o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT). Considerada insuficiente pelos trabalhadores, a proposta foi debatida por mais de três meses, mas não atendeu às expectativas da categoria.

A greve é unificada e conta com a mobilização da Federação Única dos Petroleiros (FUP) e da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), que representam, juntas, cerca de 75 mil trabalhadores. Essas entidades abrangem a grande maioria das unidades operacionais e de extração de petróleo do Brasil. De acordo com as assembleias realizadas, a aprovação do movimento grevista ultrapassou 96% entre os filiados do Sindipetro-NF.

Principais Reivindicações da Greve

O principal impasse entre a Petrobras e os sindicatos gira em torno de questões econômicas e direitos trabalhistas. A proposta da empresa ofereceu um reajuste de 5,66%, o que inclui a reposição da inflação mais 0,5% de ganho real. No entanto, os sindicatos pleiteiam um aumento de 9,8%, visando à recomposição das perdas salariais acumuladas ao longo dos últimos anos. Para a categoria, esse reajuste não é suficiente, dado o impacto da inflação e a defasagem nos salários.

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Além do reajuste salarial, os petroleiros exigem o fim dos equacionamentos (cobranças de dívidas) do fundo de pensão Petros, a distribuição mais justa dos lucros da Petrobras — que recentemente pagou dividendos recordes de R$ 32,7 bilhões aos acionistas — e a retomada de direitos suprimidos em gestões anteriores. Há também críticas a tentativas da empresa de alterar cláusulas contratuais que estão sob análise judicial, o que agrava a insatisfação da categoria.

Impactos e Mobilização

A greve afeta diretamente plataformas, unidades administrativas e refinarias da Petrobras. Apesar de não haver uma paralisação total da produção, as lideranças sindicais afirmam que a segurança e as atividades essenciais são mantidas por equipes mínimas. O impacto mais significativo é a suspensão das trocas de turno e a ausência de grupos de reforço, o que pode gerar pressão sobre o sistema caso a greve se prolongue.

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Na manhã desta segunda-feira, a paralisação impediu o revezamento de funcionários em seis refinarias: Regap (MG), Reduc (RJ), Replan (SP), Recap (SP), Revap (SP) e Repar (PR). A paralisação nessas unidades comprometeu o funcionamento normal dessas instalações, aumentando a tensão no setor de refino de petróleo.

Tensões e Conflitos com a Polícia Militar

Durante o movimento grevista, houve registro de tensão em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro. Na refinaria Reduc, a Polícia Militar utilizou spray de pimenta para dispersar os manifestantes que protestavam contra as condições de trabalho e as propostas da Petrobras. A ação policial gerou confrontos e gerou maior mobilização entre os trabalhadores e a sociedade. Além disso, aposentados e pensionistas também se somaram ao movimento, realizando vigílias em frente à sede da companhia, no Rio de Janeiro, demonstrando solidariedade e apoio às demandas da categoria.

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Contexto Econômico e Social

A greve dos petroleiros ocorre em um momento de grande destaque para a Petrobras, que vem registrando lucros elevados. O recente pagamento de dividendos recordes a acionistas tem sido um ponto de crítica para os trabalhadores, que argumentam que parte desses lucros deveria ser revertida para a valorização dos salários e melhoria das condições de trabalho. A mobilização também reflete um crescente descontentamento com a gestão da empresa e a falta de uma solução satisfatória para as reivindicações da categoria.

A paralisação não apenas compromete a produção de petróleo e derivados, mas também coloca em evidência a desigualdade entre os lucros da empresa e os salários dos trabalhadores. Em um cenário de lucros recordes e pressão inflacionária, a greve ganha contornos de uma luta por justiça econômica e pelos direitos históricos dos petroleiros.

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Próximos Passos

A greve deverá continuar até que a Petrobras se posicione novamente sobre as demandas da categoria. As lideranças sindicais já indicaram que a paralisação poderá se intensificar, caso não haja uma evolução nas negociações. Com a adesão de aproximadamente 75 mil trabalhadores, a mobilização tem o potencial de afetar ainda mais a produção e distribuição de combustíveis em todo o Brasil. A pressão sobre a empresa tende a aumentar, enquanto os petroleiros buscam uma solução justa para os desafios econômicos enfrentados pela categoria.

A situação continua em monitoramento, com expectativa de novos desdobramentos ao longo da semana.

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