Servidora Concursada da PCMG é Presa em BH sob Suspeita de Desvio de Cerca de 220 Armas Apreendidas

A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) prendeu em Belo Horizonte, no último domingo (9), a servidora concursada Vanessa de Lima Figueiredo, de 44 anos, suspeita de envolvimento no desvio de cerca de 220 armas de fogo que estavam armazenadas na 1ª Delegacia do Barreiro.

As investigações, conduzidas pela Corregedoria da PCMG, revelaram um esquema audacioso de subtração de armamentos que deveriam estar acautelados.

 

O Início da Investigação e o Sumiço do Arsenal

 

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O caso veio à tona após uma arma ser apreendida em uma ocorrência policial na cidade de Contagem, na Grande BH. A verificação do armamento revelou que ele já constava como apreendido pela própria PCMG. Ao conferirem o acervo na 1ª Delegacia do Barreiro, os policiais descobriram que, além da arma encontrada em Contagem, diversas outras haviam desaparecido do local, totalizando o impressionante número de aproximadamente 220.

Segundo a investigação, a servidora Vanessa de Lima Figueiredo, que seria a única pessoa com acesso ao acervo, se tornou a principal suspeita do desvio.

Em nota oficial divulgada no sábado (8), antes da prisão, a corporação já havia se manifestado sobre o caso, destacando: “É preciso destacar que não houve nenhuma invasão na unidade policial. A investigação se encontra em estágio avançado e, até o presente momento, não há nenhuma informação sobre o envolvimento de organização criminosa nos fatos apurados.” No entanto, informações posteriores sugerem um cenário mais complexo.

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Ligação com o Crime Organizado e Vida de Luxo

 

Novos detalhes da investigação indicam que o desvio das armas teria uma conexão direta com o crime organizado. Segundo apurações, parte do arsenal desviado teria sido vendida a facções criminosas, incluindo o Terceiro Comando Puro (TCP).

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Em troca dos armamentos, a servidora Vanessa Figueiredo, que recebia um salário bruto de cerca de R$ 7,5 mil (em setembro deste ano, segundo o Portal da Transparência), teria adquirido dois carros de alto padrão e realizado procedimentos estéticos, indicando um enriquecimento incompatível com seus rendimentos. De acordo com interlocutores da PCMG, câmeras de segurança teriam flagrado a servidora retirando volumes da delegacia em momentos cruciais.

 

👮‍♀️ Quem é a Servidora Presa?

 

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Vanessa de Lima Figueiredo, 44 anos, é natural de Belo Horizonte e servidora efetiva do estado. Ela foi aprovada em concurso público em 2013 e nomeada em julho de 2014 como analista da Polícia Civil.

Em sua trajetória, ela passou por delegacias de Divinópolis e também pelo Departamento de Trânsito de Minas Gerais (Detran-MG) antes de ser transferida para a delegacia do Barreiro em 2020. Em seu perfil em uma rede social, ela se identificava como escrivã de polícia.

 

Posicionamento da PCMG e do Sindicato

 

A PCMG informou que, após a descoberta do desvio, foram cumpridos mandados de busca e apreensão e de prisão contra a servidora administrativa. “A PCMG esclarece que servidora investigada foi encaminhada ao sistema prisional, e os materiais apreendidos foram direcionados à perícia técnica para as devidas análises”, detalhou a Polícia Civil.

O Sindep (Sindicato dos Escrivães e Oficiais Investigadores de Polícia de Minas Gerais) manifestou-se por meio de nota, levantando um importante questionamento sobre a segurança do acervo:

"A questão central a ser debatida nesse fato é a não observância da Cadeia de Custódia dos vestígios criminais. Estas armas não deveriam estar acauteladas naquela unidade policial, deveriam estar na central de custódia. O pacote anti-crime estabeleceu isso em 2019, já são seis anos e até agora, armas e drogas continuam acauteladas em unidades policiais sem o devido cuidado com a cadeia de custódia," declarou o Presidente do Sindep, Marcelo Horta, pressionando por uma solução estrutural na gestão de provas.

 

O Que Diz a Defesa

 

A defesa de Vanessa de Lima Figueiredo, por sua vez, classificou a prisão como desproporcional e afirmou que nada de ilícito foi encontrado durante o cumprimento dos mandados de busca e apreensão.

O advogado Lucas Furtado afirmou que irá pleitear a liberdade provisória da cliente, alegando não haver "qualquer indício concreto no inquérito policial" que justifique a prisão preventiva. Sobre os vídeos de segurança, ele contesta: "No inquérito policial a que a defesa teve acesso existiam alguns vídeos em data próxima em que a Vanessa entra e sai com a própria bolsa dela... Não foram identificadas armas durante essa movimentação, tão somente a bolsa dela."

O caso segue sob sigilo e sob intensa investigação da Corregedoria, buscando rastrear todas as armas desaparecidas e identificar possíveis co-envolvidos.


Gostaria que eu fizesse uma busca por manifestações recentes da SEJUSP sobre os questionamentos do Sindicato a respeito da Cadeia de Custódia?

 

Falha Estrutural em Debate: Sindicato Cobra Central de Custódia Após Desvio de Armas

 

Além do inquérito que apura o desvio de armamentos por uma servidora da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), o caso deflagrou um intenso debate sobre a segurança no armazenamento de vestígios criminais no estado.

O Sindep (Sindicato dos Escrivães e Oficiais Investigadores de Polícia de Minas Gerais) utilizou o episódio para pressionar o Governo de Minas e a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (SEJUSP) a acelerarem a implementação da Cadeia de Custódia, conforme previsto no Código de Processo Penal e na Lei Antifurto de 2019.

O presidente do Sindep, Marcelo Horta, foi enfático ao afirmar que o armamento desviado não deveria estar sob a guarda da delegacia regional, mas sim em uma central de custódia especializada.

"A questão central a ser debatida nesse fato é a não observância da Cadeia de Custódia dos vestígios criminais. Estas armas não deveriam estar acauteladas naquela unidade policial, deveriam estar na central de custódia. O pacote anti-crime estabeleceu isso em 2019, já são seis anos e até agora, armas e drogas continuam acauteladas em unidades policiais sem o devido cuidado com a cadeia de custódia," declarou.

 

Ausência de Resposta Oficial Imediata

 

A reportagem da CNN Brasil buscou um posicionamento da SEJUSP sobre os questionamentos feitos pelo Sindicato a respeito da implementação da Central de Custódia e do armazenamento de armamentos apreendidos.

Até o momento do fechamento desta matéria, a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública ainda não havia se manifestado oficialmente sobre as alegações do Sindep. O silêncio reforça a urgência do debate sobre a infraestrutura de custódia de vestígios, que, segundo especialistas e o próprio sindicato, expõe as delegacias a riscos de desvio e compromete a transparência do processo criminal.

O TJMG (Tribunal de Justiça de Minas Gerais) já havia, em 2017, transferido a responsabilidade pela guarda das armas apreendidas dos fóruns para a Polícia Civil, reforçando a necessidade de a PCMG possuir uma estrutura adequada e centralizada, conforme sugerido pelo Sindep.

 

Com Informações: CNN Brasil e G1 Minas Gerais

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