A Polícia Civil do Rio de Janeiro confirmou a identidade de um dos alvos mais estratégicos da megaoperação policial que resultou na morte de 121 pessoas nos complexos do Alemão e da Penha na semana passada (28 de outubro). Trata-se de Cleiton Souza da Silva, apontado pelas investigações como um dos principais articuladores do tráfico de drogas na Região Norte do país.
A presença de Cleiton, natural do Amazonas e com forte ligação ao Comando Vermelho (CV), reforça a tese da polícia de que a Operação Contenção conseguiu atingir uma base de articulação nacional da facção criminosa, que utiliza o Rio de Janeiro como centro logístico e estratégico.
O Elo Interestadual e a Confusão de Identidade
Cleiton Souza da Silva era considerado uma peça chave no esquema do CV, sendo um dos responsáveis por fortalecer a presença nacional da facção, especialmente no Amazonas e em outros estados do Norte. A Operação Contenção, de acordo com as autoridades, tinha como principal objetivo desarticular essa base estratégica do CV responsável por decisões operacionais que impactavam o crime organizado em diferentes regiões do Brasil.
Sua identificação foi complexa. Devido a ferimentos graves, incluindo o rosto desfigurado por tiros de fuzil durante o intenso confronto, Cleiton chegou a ser confundido com a traficante conhecida como Penélope ou Japinha, também ligada ao Comando Vermelho.

Reprodução/Redes Sociais
A Polícia Civil, no entanto, agiu para esclarecer as informações que circulavam nas redes sociais, confirmando que a traficante Japinha não estava entre as vítimas. A corporação assegurou que não houve nenhuma mulher morta durante a Operação Contenção, um detalhe crucial no balanço da ação.
Êxodo de Criminosos de Outros Estados
A identificação de Cleiton Souza da Silva é apenas um indício do caráter interestadual da operação. A Polícia Civil do Rio de Janeiro confirmou que, além de Cleiton, outros oito criminosos do Amazonas foram identificados entre os mortos, totalizando até o momento nove foragidos do Norte vitimados na ação.
Segundo o balanço da Secretaria de Polícia Civil, a lista de mortos identificados conta com criminosos de diversos outros estados, incluindo Pará, Bahia, Ceará, Paraíba, Goiás, Mato Grosso e Espírito Santo. Dos 117 civis mortos, um número significativo era de fora do Rio, comprovando o papel do estado como refúgio e ponto de apoio para a cúpula do crime organizado nacional.
Investigações em Curso
A identificação de Cleiton e dos demais criminosos foi realizada pela equipe de peritos da Polícia Civil e do Instituto Médico Legal (IML). Enquanto a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) segue investigando as circunstâncias específicas de cada morte — em meio a controvérsias sobre a letalidade da ação, que resultou em 121 óbitos, incluindo quatro policiais —, as investigações continuam.
O foco agora se expande para identificar os demais integrantes do Comando Vermelho e desvendar as complexas conexões interestaduais e internacionais da facção, que utiliza o Rio de Janeiro como plataforma para o tráfico de drogas e armas.