O ex-delegado-geral de São Paulo e atual secretário de Administração de Praia Grande, Ruy Ferraz Fontes, de 63 anos, foi brutalmente assassinado a tiros na noite desta segunda-feira (15), em um atentado que chocou a população e as forças de segurança. O crime, que tem características de execução, ocorreu enquanto Fontes dirigia seu carro na Avenida Dr. Roberto de Almeida Vinhas, no bairro Nova Mirim, em Praia Grande, no litoral paulista.
Fontes, uma figura de destaque na Polícia Civil por mais de quatro décadas, foi alvejado por volta das 18h. De acordo com relatos da Polícia Militar, ele foi surpreendido por homens armados que desceram de outro veículo e abriram fogo contra seu carro. A vítima perdeu o controle da direção e o veículo parou poucos metros adiante, perto do Fórum da cidade. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi rapidamente acionado, mas os socorristas apenas puderam constatar o óbito no local.
Duas vítimas inocentes feridas no ataque
A violência do ataque não se restringiu ao ex-delegado. A Prefeitura de Praia Grande informou que um homem e uma mulher que caminhavam pela calçada nas proximidades também foram atingidos pelos disparos. As vítimas, que não correm risco de morte, foram socorridas pelas equipes do Samu e levadas inicialmente para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Quietude. Posteriormente, foram transferidas para o Hospital Municipal Irmã Dulce, onde recebem atendimento e se recuperam dos ferimentos.
A busca pelos criminosos
A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) manifestou profundo pesar pela morte de Fontes e confirmou que a Polícia Militar, em uma resposta rápida, conseguiu localizar o veículo usado pelos assassinos. A área do crime foi imediatamente isolada para que a perícia pudesse ser realizada, coletando todas as evidências possíveis. Em nota, a SSP-SP assegurou que equipes de inteligência e de campo já estão empenhadas na investigação. "As equipes estão em campo, realizando diligências e utilizando ferramentas de inteligência para identificar, prender e responsabilizar os envolvidos", afirmou a secretaria.
A trajetória de um delegado-geral
Ruy Ferraz Fontes era conhecido por sua atuação implacável no combate ao crime organizado e ao Primeiro Comando da Capital (PCC). Formado em Direito, com pós-graduação em Direito Civil, ele teve passagens por algumas das mais importantes divisões da Polícia Civil, como o Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), o Departamento de Investigações sobre Narcóticos (Denarc) e o Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic).
Foi no Deic, no início dos anos 2000, que Fontes iniciou investigações pioneiras sobre o PCC. Como chefe da 5ª Delegacia de Roubo a Bancos, ele foi responsável por prender lideranças da facção e por mapear a complexa estrutura criminosa do grupo. Sua experiência e conhecimento foram cruciais para a resposta das forças de segurança durante os ataques de maio de 2006, quando o PCC promoveu uma série de ações violentas em todo o estado de São Paulo.
Entre 2019 e 2022, ele alcançou o ápice de sua carreira, comandando a Delegacia Geral de Polícia do Estado de São Paulo. Durante sua gestão, Fontes liderou uma operação estratégica para enfraquecer o poder da facção nas cadeias, transferindo chefes do PCC de presídios paulistas para unidades de segurança máxima federais em outros estados.
Com uma carreira marcada por especializações no Brasil e no exterior, Ruy Fontes também dedicou parte de sua vida à educação, lecionando Criminologia e Direito Processual Penal. Em 2023, aceitou o desafio de assumir a Secretaria de Administração de Praia Grande, cargo que ocupava no momento de sua morte. A Prefeitura de Praia Grande lamentou a perda de um profissional dedicado e um servidor público exemplar.
O atentado contra Ruy Ferraz Fontes, dado seu histórico de combate ao PCC, levanta a suspeita de uma possível retaliação por parte do crime organizado, o que deve ser uma das principais linhas de investigação da Polícia Civil.