Policiais militares da 1ª Companhia do 37º Batalhão Metropolitano de São Paulo denunciam o Capitão Eduardo César da Silva por práticas abusivas e ambiente de trabalho insustentável.
Em meio a crescentes tensões internas, policiais militares da 1ª Companhia do 37º Batalhão Metropolitano de São Paulo formalizaram uma grave denúncia contra o comandante da unidade, Capitão Eduardo César da Silva. As acusações, apresentadas à Corregedoria da Polícia Militar, detalham uma série de punições consideradas arbitrárias, assédio moral e um clima de coação que estaria afetando a saúde mental e financeira dos agentes.
Punições por Atestados Médicos e Problemas em Viaturas
Segundo as informações do Portal Metrópoles, o cerne da denúncia reside na alegação de que o Capitão Eduardo César da Silva tem penalizado sistematicamente os soldados que apresentam atestados médicos ou que entregam viaturas com defeito, sem considerar as causas dos problemas. Um policial, que preferiu permanecer anônimo por medo de represálias, relatou à reportagem do Metrópoles, que a prática é comum e gera grande apreensão entre os colegas:
“Quando zoa a viatura ou alguma coisa do tipo, ele joga no Patrulhamento Ostensivo a Pé (o POP), como se fosse culpa nossa a viatura ter quebrado. Para evitar essa escala, a gente tenta arrumar por conta. Ele mesmo já fala: ‘Se não arrumar, vai para o POP’”.
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A situação se agrava com a denúncia de que o capitão estaria coagindo os policiais a arcar com os custos dos consertos dos veículos, uma prática que onera ainda mais os já sobrecarregados agentes.
Ambiente de Trabalho Insustentável e Prejuízos Financeiros
A denúncia formalizada na Corregedoria descreve a conduta do Capitão Eduardo César da Silva como criadora de um “ambiente insustentável de trabalho”, com impactos diretos na “saúde mental, física e até a estabilidade financeira do efetivo”.
Uma das formas de punição mais temidas é o deslocamento para a equipe do Patrulhamento Ostensivo a Pé (POP). Os policiais designados para essa função trabalham de 14h às 22h, de terça a sábado, ficam impedidos de realizar os chamados "bicos oficiais" (trabalhos extras remunerados permitidos pela corporação) para complementar a renda e têm o convívio familiar prejudicado. A denúncia destaca que a punição é aplicada de forma indiscriminada:
“Independentemente do motivo do defeito da viatura — seja por desgaste natural ou condições precárias do terreno — o comandante pune todos os policiais que utilizaram o veículo, alocando-os na mesma escala punitiva do POP”.
Além do deslocamento para o POP, há relatos de policiais que, ao apresentarem atestados médicos, teriam sofrido ameaças verbais sobre a abertura de um procedimento administrativo que poderia levar à exoneração.
Acusações de Homofobia, Machismo e Postura Autoritária
A denúncia à Corregedoria da PM também aponta para outras condutas inadequadas por parte do comandante da companhia, incluindo piadas de cunho homofóbico e comentários machistas. O oficial é acusado de adotar uma postura agressiva e autoritária no trato com os subordinados.
Um vídeo registrado pela câmera corporal de um policial, obtido pelo Metrópoles, mostra um exemplo da postura do Capitão Eduardo César. Nas imagens, o oficial aparece discutindo asperamente com dois PMs que haviam sido designados para o Patrulhamento Ostensivo a Pé. Ele ordena que os dois iniciem o serviço mesmo sem a presença do sargento responsável por comandar o grupo:
“Ó, acabou a moleza para vocês dois, viu? Não vou mais ouvir reclamação nesse sentido de vocês. Acabou a moleza para vocês. Então já segue o rumo aí”, afirma o oficial.
Um dos PMs questiona: “Que moleza?”. Ao que o capitão responde:
“Acabou a moleza para você. Você entendeu? Posição sentido, você está falando com o comandante de companhia. Se você não aprendeu, vai aprender hoje. Então meia volta volver, vai para o seu QTH (posição)”, retruca o capitão.
Posicionamento da Secretaria de Segurança Pública
Questionada sobre as denúncias, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou, por meio de nota, que todas as providências cabíveis estão sendo adotadas visando ao esclarecimento dos fatos. A reportagem tentou, sem sucesso, contato com o Capitão Eduardo César da Silva. O espaço permanece aberto para que o oficial apresente sua versão dos fatos.
O caso levanta sérias questões sobre a gestão e o clima organizacional dentro da Polícia Militar de São Paulo, e a apuração da Corregedoria será crucial para determinar a veracidade das denúncias e as medidas a serem tomadas.