Leilões de imóveis explodem no Brasil com brasileiros sem conseguir pagar financiamentos

A crise financeira que assola o Brasil tem impulsionado um mercado sombrio: o de leilões de imóveis. O número de casas e apartamentos indo a leilão por falta de pagamento explodiu, refletindo a crescente dificuldade dos brasileiros em arcar com as prestações de financiamentos imobiliários, condomínios e impostos.

Em um cenário alarmante, o número de leilões aumentou 80% em comparação a 2018. Segundo a advogada especialista em direito imobiliário Natália Roxo, em entrevista ao portal G1, enquanto em 2018 cerca de 200 imóveis eram leiloados por mês, atualmente esse número varia entre 800 e 1000. O processo, descrito por Roxo como "rápido e direto", pode levar à perda do imóvel em apenas seis meses. Após a notificação da dívida, o devedor tem 15 dias para quitá-la. Caso não haja pagamento, após a citação judicial, a consolidação da dívida é registrada na matrícula do imóvel e, em 60 dias, o leilão é realizado.

Os números demonstram a escalada dessa crise. Em 2022, 9 mil imóveis foram a leilão. Em 2023, esse número saltou para 26 mil. Já no primeiro semestre de 2024, o total de imóveis arrematados atingiu a impressionante marca de 44 mil, o dobro da soma dos dois anos anteriores. Embora esses leilões possam representar uma oportunidade para alguns compradores, adquirindo imóveis com descontos significativos, eles também revelam histórias de perdas e dificuldades financeiras para milhares de famílias brasileiras.

Para os economistas, o crescimento exponencial desse mercado sinaliza um problema que afeta toda a economia do país. “Sem dúvida, o que nós temos é a visão de que a saturação da capacidade de pagamento das dívidas acontece de maneira sistemática e difundida com impactos no país como um todo. Isso já foi mensurado em outras crises imobiliárias”, analisa Maria Paula Bertran, professora de Direito Econômico da USP.

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A alta taxa de endividamento das famílias brasileiras agrava ainda mais o problema. De acordo com dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), quase 8 em cada 10 brasileiros estão endividados. Diante desse cenário, a professora Bertran alerta: “Tenham a certeza de só assumir compromissos financeiros que sejam perfeitamente encaixados no seu orçamento. Num país com tanta informalidade como o Brasil, com ciclos de economia curtos e contratos de financiamento longos, os problemas acontecerão”.

A história de Daniela Maya Lemos e seu marido ilustra a dura realidade enfrentada por muitas famílias. Após perderem sua casa em um leilão, Daniela desabafa: “Era a minha casa, era o meu lar. É onde a gente construiu, trabalhou para ter aquilo lá. Foi tudo planejado, foi tudo contado e de uma hora para outra você perde tudo”.

Fonte: G1

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