Para marcar os 250 anos de existência da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), uma mudança visual significativa está a caminho: as cores das quase 5.000 viaturas de policiamento que circulam pelo Estado serão alteradas. A tradicional combinação das cores heráldicas da corporação — azul, amarelo e vermelho — será substituída por uma nova paleta de cores, com o objetivo de modernizar a identidade visual da PMMG. No entanto, essa mudança não está isenta de críticas, principalmente em um momento em que o efetivo policial enfrenta baixa significativa, deixando várias cidades mineiras desguarnecidas.
O governo do estado decidiu investir na estética das viaturas como parte das comemorações do aniversário de 250 anos da instituição. A nova aparência das viaturas, que inclui a combinação de caqui com branco ou caqui com preto, foi escolhida com a participação da população mineira, em um processo democrático que buscou envolver os cidadãos na definição da nova identidade visual da corporação. A mudança foi apresentada oficialmente ao público em um evento realizado no mês de agosto, em Belo Horizonte, que contou com a presença do automobilista Felipe Massa, ícone do automobilismo nacional.
Durante o evento, a Polícia Militar exibiu seu Camaro, veículo de alta performance que faz parte da frota da instituição e que já utiliza a nova plotagem nas cores caqui e preto. Essa combinação pode se tornar o padrão oficial das viaturas a partir de 2025. A escolha pela cor caqui, de forte ligação com o uniforme militar e sinônimo de disciplina e autoridade, busca reforçar o caráter ostensivo da PMMG. A presença de Felipe Massa no evento trouxe visibilidade e atraiu um grande público, reforçando o tom de inovação pretendido pela corporação.
Contudo, a decisão de investir na nova roupagem das viaturas em meio a um cenário de déficit no efetivo policial gerou debates. Enquanto a PMMG foca na modernização visual e na aquisição de viaturas com novos itens de segurança, como melhorias no sistema de iluminação e comunicação, muitas cidades mineiras enfrentam a realidade de postos policiais com efetivo insuficiente. Cidades menores, em especial, têm reclamado da falta de patrulhamento regular, com alguns municípios ficando praticamente sem cobertura policial.
Críticos apontam que, em vez de priorizar a aparência, o governo deveria concentrar seus esforços em solucionar questões mais urgentes, como a ampliação do efetivo e a melhoria das condições de trabalho dos policiais. Em muitas regiões, a sensação de insegurança tem crescido, com moradores relatando aumento na criminalidade devido à menor presença policial nas ruas. O baixo número de policiais e a consequente sobrecarga de trabalho para os que estão na ativa têm sido motivo de preocupação para a população e para especialistas em segurança pública.
Por outro lado, a Polícia Militar defende que a nova identidade visual, aliada aos avanços tecnológicos nas viaturas, não apenas otimiza a proteção dos policiais em serviço, mas também cumpre uma função ostensiva importante, já que a presença de viaturas bem equipadas e com design moderno tem impacto direto na percepção de segurança da população. Segundo a corporação, as novas viaturas serão equipadas com sistemas mais avançados de comunicação e monitoramento, o que poderá melhorar a eficiência das operações de policiamento em todo o estado.
A mudança na aparência das viaturas também está alinhada ao objetivo da PMMG de fortalecer sua relação com a sociedade e reafirmar sua presença nas ruas. O uso de viaturas com cores mais sóbrias e associadas ao universo militar busca transmitir uma imagem de autoridade e proteção, aspectos essenciais para o cumprimento das atividades de segurança pública.
Em 2025, ano em que a PMMG completa oficialmente seus 250 anos, os mineiros poderão ver as novas viaturas circulando pelas ruas, refletindo tanto a tradição quanto a modernização da corporação. Resta saber se essa mudança será suficiente para satisfazer as expectativas da população em termos de segurança, ou se a prioridade deverá ser realmente o aumento do efetivo policial, atendendo às demandas por mais patrulhamento nas áreas mais vulneráveis.