“Destak Literário” Obra de Goethe, entre a paixão e a loucura

A fronteira tênue entre a paixão e a loucura, quando não ser amado representa a própria morte em vida, quando a única alegria possível em vida está no outro, e assim quando se é rejeitado não é apenas  uma desilusão amorosa e sim a ausência do elemento percussor da vida humana, aquilo que Nietzsche chamaria de potência da vontade, eis caro leitor os ingredientes de um dos maiores clássico da literatura alemã“ Os sofrimentos do Jovem Werther” de  Johann Wolfgang Von Goethe, publicado em 1774.

O romance epistolar (em forma de cartas) relata a paixão do jovem Werther por uma mulher casada, Carlota.  As cartas são endereçadas ao seu amigo, Wilhelm, em cada carta o leitor vai se assustando por uma paixão irracional e intensa que corrompe toda psique do protagonista. Todos nós se tornamos amigos de Werther querendo desesperadamente salvá-lo de um amor fatalista e não correspondido.

O livro representou o nascimento de um movimento literário alemão “Sturm und Drang” traduzindo“ Tempestade e Impulso” e tinha como característica principal a supremacia do sentimentalismo subjetivo, em tom jocoso o crítico literário Otto Maria Capeaux descreve o sentimentalismo do movimento “ora choroso, ora violento.”

Werther é a representação de uma juventude inquieta e apaixonada, pouca racional e encantada pelo amor e pelas suas possibilidades, já a amada, Carlota, é casada, racional e cumpre seus votos, representa a rigidez de um mundo que precisa de ordem para seguir adiante, mesmo para que isso importe no sacrifício de amar e ser amada (o).

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A realidade se choca quando Werther compreende que não será amado e nem será amante em um relacionamento extraconjugal, a dor o leva a loucura e ao suicídio, a obra de Goethe abre um diálogo entre o campo abstrato dos sentimentos e a possibilidade real do amor, sempre muito limitada em nossas vidas.

A loucura do suicídio não se limita ao próprio ato de se matar, indo além, a loucura seria de Werther em rejeitar a vida e suas novas possibilidades, um novo amor, uma nova história, uma nova dimensão do mundo.

Não compreendo que Werther se matou por amor, ele se matou por não desejar que o amor por Carlota se apagasse, a vida logo o apagaria com uma nova possibilidade e ele compreenderia que o amor é como o ar que o respiramos, está em todos os lugares, individualizá-lo é matá-lo por também matar todas as surpresas.

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Colunista
David Müller
davidmuller2oo6@yahoo.com.br

David Müller 
MBA em Administração Pública: Gestão, Planejamento e Orçamento (PUC/MG)
Especialista em Direito Administrativo (PUC/ MG)
Formado em Direito (PUC/ MG) e em Gestão Pública (Estácio/ RJ).