Nesse momento em que escrevo podemos elencar dois conflitos militares que ocupam as principais manchetes de nossos jornais, a guerra da Ucrânia e o ataque dos terroristas do HAMAS contra Israel.
Claro, guerra pressupõe uso de armas, nada mais óbvio e vamos ao assunto de nossa página, porque o Brasil não pode potencializar esse mercado e se tornar um grande fornecedor de material bélico assim como Alemanha, EUA, Suécia, Rússia dentre outros!
Sim, o Brasil continua o país mais industrializado da América do Sul, mais isso ainda não é suficiente para mantermos o nosso bom índice de crescimento econômico e gerar empregos mais qualificados, ligados a área de tecnologia e pesquisas na área de robótica.
No livro da professora Mariana Mazzucato “O Estado Empreendedor” a autora traz a baila o papel do estado no incentivo a pesquisas de tecnologia no setor de defesa dos Estados Unidos e como essas tecnologias serviram para calibrar e gerar grandes empresas de tecnologia que iriam dominar mercados inteiros como a Apple e a Microsoft.
No Brasil tivemos alguns exemplos de sucesso que ainda permanecem como o caso da EMBRAER (Empresa Brasileira de Aviação), a empresa produz aviões de ponta para o mercado de aviação civil, assim como também aviões militares, a exemplo dos “Super Tucano” e do cargueiro tático KC-390. A empresa é uma das mais prestigiadas do setor ao nível de reconhecimento internacional, um exemplo para o país.
Entre 1975 a 1985 o Brasil chegou a produzir simultaneamente blindados, artilharia, radar, navios de guerra e sistemas de navegação, dada a pujança do setor bélico no país, a produção industrial do país era uma referência para o mundo, sobre o tema mencionou o ex-ministro da Fazenda, Ciro Gomes “na década de 80 a produção industrial brasileira era seis vezes maior que a China, no atual momento a China possui uma produção industrial vinte vezes maior que a brasileira”.
Um recado claro ao Brasil, a indústria de defesa é estratégica em amplas frentes, pela industrialização que ela gera, pela soberania que ela garante e pelos empregos qualificados e de altos salários.
Atualmente é um consenso entre especialistas do setor que uma das locomotivas do processo de industrialização é a indústria de defesa, sua abrangência influencia setores estratégicos como pesquisas em tecnologia, avanços no setor aeroespacial e movimentação de uma cadeia de suprimentos que movimentam a economia além do próprio setor de defesa, a exemplo de aço, alumínio, indústria automobilística, setor químico e pesquisas com fontes de energia.
Para o professor da Unicamp, Marcos Barbieri, especialista em indústria de defesa e aeroespacial, os estudos trazem um dado preocupante, o Brasil investiu em média 1,5% do PIB no setor de defesa ao longo do século XX, o normal seria um número próximo a 2,4% do PIB para garantir a proteção das fronteiras terrestres e marítimas de um país continental.
Atualmente o Brasil é o 15° país mais industrializado do mundo, um número muito tímido em relação a sua capacidade e seus recursos naturais, o dado é da UNIDO (Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial).
O setor de defesa ainda espera investimentos ou um fôlego de esperança, porém disputa verbas com outras áreas como educação e saúde, talvez a pujança do setor poderá tristemente ser só mais um capítulo na caótica história de industrialização do Brasil.