BRASÍLIA, DF — A Polícia Federal (PF) deflagrou na manhã desta sexta-feira (12) uma operação de grande porte para desarticular um esquema bilionário de fraudes contra o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O principal alvo da ação, conhecido como “Careca do INSS”, foi preso preventivamente em sua residência, em Brasília. Ele é acusado de ser o mentor e principal articulador de uma organização criminosa que, segundo estimativas preliminares, causou um prejuízo de milhões de reais aos cofres públicos.
A operação, que mobilizou dezenas de agentes em diferentes estados, é resultado de uma investigação minuciosa que durou meses. A PF revelou a complexidade das ramificações do grupo, que utilizava um modus operandi sofisticado para burlar os sistemas de controle do INSS.
O esquema e a rede de corrupção
As investigações apontam que o grupo utilizava documentos falsos e dados de pessoas já falecidas para a concessão indevida de benefícios previdenciários, como aposentadorias e pensões. O “Careca do INSS” era o elo central, responsável por cooptar servidores públicos, despachantes e intermediários. A audácia do esquema se valia de um profundo conhecimento das brechas da legislação e dos procedimentos internos da autarquia.
Após sua captura, o mentor da fraude foi levado à Superintendência da Polícia Federal no Distrito Federal para interrogatório. Ao mesmo tempo, equipes da PF realizavam uma varredura minuciosa em sua residência e em outros endereços ligados ao suspeito, buscando provas adicionais. As investigações já revelaram uma movimentação financeira impressionante. No período de 2023 a 2024, o acusado transferiu a quantia de R$ 9,3 milhões para indivíduos com laços diretos com servidores do INSS, evidenciando uma extensa rede de corrupção.
CPMI intensifica investigações e mira suspeitos
Paralelamente à ação da PF, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Congresso, que apura a cobrança ilegal de mensalidades associativas descontadas de benefícios previdenciários, deu um passo decisivo. Na última quinta-feira (11), a CPMI aprovou cerca de 400 pedidos de informações e de quebra dos sigilos bancário, fiscal e telemático de suspeitos de envolvimento na fraude.
Entre os sigilos que serão quebrados, estão os dos empresários Antonio Carlos Camilo Antunes (o “Careca do INSS”) e Maurício Camisoti, e do ex-presidente do INSS Alessandro Stefanutto. Na semana anterior, a CPMI já havia aprovado os pedidos de prisão preventiva de Antunes, Camisoti, Stefanutto e de outros 18 investigados, demonstrando a gravidade e a abrangência das suspeitas.
A prisão de "Careca do INSS" e a ação da CPMI marcam um momento crucial no combate a essa modalidade de crime, que lesa milhões de segurados e causa prejuízos incalculáveis aos cofres públicos. A operação continua em andamento, e a expectativa é que mais detalhes sejam revelados nos próximos dias.