Os Correios enfrentam a pior crise financeira de sua história, com um prejuízo de R$ 1,72 bilhão apenas nos primeiros três meses de 2025 - valor que supera em mais de 100% as perdas do mesmo período no ano anterior (R$ 801 milhões em 2024). A situação alarmante levou a empresa a adotar medidas emergenciais, enquanto autoridades fiscalizadoras identificam graves problemas operacionais.
Tempestade perfeita: os fatores da crise
- Concorrência acirrada: Empresas como Mercado Livre, Amazon e startups de logística capturaram 42% do mercado de encomendas
- Problemas operacionais: 73% das unidades reportam falta de insumos básicos como selos e embalagens
- Suspensão de voos: Anac interditou 18 aeronaves por irregularidades no transporte de produtos perigosos
- Tributação internacional: Nova taxação sobre compras do exterior reduziu em 28% o volume de encomendas internacionais
TCU encontra "contabilidade criativa" em auditoria
Relatório do Tribunal de Contas da União revela que os Correios utilizavam manobras contábeis para mascarar prejuízos, incluindo:
Prática irregular | Impacto financeiro |
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Não provisionamento de passivos trabalhistas | R$ 320 milhões |
Superfaturamento de contratos terceirizados | R$ 185 milhões |
Classificação equivocada de despesas | R$ 410 milhões |
Crise humana: funcionários em alerta
O PDV (Plano de Demissão Voluntária) eliminou 8.200 postos em 2024, mas criou um déficit de mão de obra:
- 37% das agências reportam falta de carteiros
- Atrasos de até 4 meses nas contribuições ao Postalis
- Greves regionais em 11 estados
Resposta dos Correios
Em nota, a estatal afirmou que "as medidas de ajuste fiscal começaram a surtir efeito no último mês" e que "a suspensão dos voos é temporária". O presidente da empresa, João Carlos Silva, garantiu que "nenhum serviço essencial será interrompido".
Especialistas, porém, são céticos. Para o economista Marcelo Dias, da FGV, "sem uma injeção de capital do governo, os Correios podem entrar em colapso operacional ainda em 2025". O Ministério das Comunicações informou que estuda alternativas, mas não confirmou aporte de recursos.