O presidente da Argentina, Javier Milei, expressou seu pesar pela ausência de Jair Bolsonaro na cerimônia de posse de Donald Trump como presidente dos EUA, que será realizada nesta segunda-feira (20) em Washington. Em declaração a jornalistas durante o baile de gala da posse, no último sábado (18), Milei atribuiu a ausência do ex-presidente brasileiro ao que chamou de "regime Lula", acusando o governo brasileiro de impedir a participação de Bolsonaro no evento que reuniu líderes aliados de Trump e chefes de Estado.
“Bolsonaro é um grande amigo e lamento muito que o regime de Lula não o tenha deixado vir (a este evento)”, afirmou Milei. No entanto, a alegação de interferência do governo Lula é infundada. A ausência de Bolsonaro se deve a uma decisão judicial do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que manteve a proibição de Bolsonaro deixar o país.
Decisão Judicial Impede Viagem de Bolsonaro
O ministro Moraes negou dois pedidos da defesa de Bolsonaro para a devolução de seu passaporte, documento essencial para viagens internacionais. A justificativa para a negativa baseia-se no risco de "tentativa de evasão" de Bolsonaro "para se furtar à aplicação da lei penal". Moraes destacou que o ex-presidente tem defendido a fuga do país e o asilo no exterior para os condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro.
Bolsonaro se diz "perseguido" e espera apoio de Trump
Emocionado, Jair Bolsonaro expressou seu constrangimento por não poder comparecer à posse de Trump. No sábado (18), ao acompanhar sua esposa, Michelle Bolsonaro, até o portão de embarque do aeroporto de Brasília, Bolsonaro chorou e afirmou se sentir "perseguido". O ex-presidente foi representado na cerimônia pela ex-primeira-dama e por seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
Bolsonaro também declarou que espera o apoio de Trump para reverter sua inelegibilidade no Brasil. "Com toda certeza, se ele me convidou, ele tem a certeza que pode colaborar com a democracia do Brasil afastando inelegibilidades políticas, como essas duas minhas que eu tive”, disse Bolsonaro. O ex-presidente, contudo, não explicou como Trump poderia influenciar as decisões do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que o declarou inelegível por oito anos. Segundo Bolsonaro, a simples "presença" do aliado norte-americano poderia alterar sua situação. "(Trump) não vai admitir certas pessoas pelo mundo perseguindo opositores, o que chama de lawfare, que ele sofreu lá. Grande semelhança entre ele e eu”, afirmou.
*Com informações do Estadão Conteúdo