Caros amigos, a última vez que me recordei do poeta Cruz e Sousa foi em uma viagem a Tiradentes, interior de Minas Gerais, uma colega que estava me acompanhando na viagem disse na entrada da Igreja Matriz de Santo Antonio "Acho pobre a língua portuguesa" tal fala me despertou uma enorme sensação de absurdo, e logo depois em silêncio, pedi a Deus "Perdoa Deus ela não sabe o que diz" e com voz baixa me recordei dos versos do poeta
"Passai, dilaceradas pelos zelos,
através dos profundos pesadelos
Que me apunhalam de mortais horrores..."
Como menosprezar que em nosso idioma surgiu, dentre vários gênios, o grande Cruz e Sousa". Poeta que nasceu em Florianópolis, estado de Santa Catarina, em 1861 e se tornou um dos maiores representantes do simbolismo, movimento literário que surgiu na França em oposição ao positivismo e naturalismo. O movimento traz como característica uma visão pessimista da vida, uma crítica a racionalidade do início do século XX.
Sua obra de maior sucesso, o livro "Broquéis" foi um marco na literatura mundial, como uma das grandes referências do pensamento simbolista, Cruz e Souza, o poeta negro, está ao lado de Charles Baudelaire e Edgar Allan Poe, a genialidade de um filho de ex-escravos, um negro do Brasil do século XIX e um homem profundamente culto que estudou francês, latim e grego.
Sua riqueza estética e sua capacidade de levar os versos para o mais íntimo da alma de seus leitores faz da leitura de suas obras uma sensação dual, a primeira é o deslumbramento pela poesia em si, como arte, como capacidade de traduzir almas e a segunda sensação é como Cruz Souza conduz temas trágicos com uma leveza que só os gênios da literatura conseguiram.
Recomendo Cruz e Souza como livro e como paixão para uma vida inteira, se os ingleses tiveram William Shakespeare, os franceses tiveram Charles Baudelaire, a língua portuguesa teve o privilégio de um ex-escravo fazer história e mostrar que a vocação artística é a única e verdadeira liberdade humana...
Alma solitária
Ó Alma doce e triste e palpitante!
Que cítaras soluçam solitárias
pelas Regiões longínquas, visionárias
do teu Sonho secreto e fascinante!
Quantas zonas de luz purificante,
quantos silêncios, quantas sombras várias
de esferas imortais, imaginárias,
falam contigo, ó Alma cativante!
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