Hacker detalhou um suposto plano do marqueteiro Duda Lima apoiado por Bolsonaro para uma apresentação fake contra urnas no dia 7 de setembro
Em depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos de 8 de janeiro nesta quinta-feira (17), o hacker Walter Delgatti Neto disse que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ofereceu um indulto presidencial em troca de simulação de invasão das urnas eletrônicas, caso ele fosse preso. A intenção de Bolsonaro era alegar fragilidades nas urnas. O plano teria sido feito pelo marqueteiro da campanha, Duda Lima, em uma reunião com a presença da deputada Carla Zambelli (PL-SP) e do presidente do PL, Valdemar Costa Neto – que, segundo Delgatti, propôs a criação de um código-fonte “fake” para as urnas com o intuito de mostrar que o voto em um candidato poderia ser computado para outro. Em uma segunda reunião no Palácio da Alvorada com o então presidente Jair Bolsonaro, no dia 10 de agosto, Walter afirmou que Bolsonaro pediu para que ele colocasse o plano de Duda em prática e afirmou que poderia garantir sua soltura se fosse preso.
“Em uma reunião à tarde naqual proposta foi apresentada, a ideia de ser garoto propaganda da campanha saiu da reunião. Duda disse que o ideal seria ele participar de uma entrevista com a esquerda e de forma espontânea falar sobre as urnas e falar sobre a fragilidade das urnas. Essa foi a proposta inicial, que não ocorreu porque o meu encontro saiu na mídia e eles cancelaram. E a segunda ideia era no dia 7 de setembro pegar uma urna e colocar um aplicativo meu lá para mostrar para a população digitar um voto e sair outro. O código-fonte da urna eu faria o meu, não do TSE, só para mostrar, por exemplo, que era possível apertar um voto e sair outro”, disse o hacker. “A ideia do Duda, eu criaria um código meu, feito por mim. Seria um código-fonte fake. E essa apresentação servia para explicar à sociedade e quem estivesse lá no 7 de setembro que era possível a urna imprimir outro voto”, complementou.
O hacker relatou que buscava receber um indulto e que teria recebido uma promessa de emprego na campanha de Bolsonaro. Ele estava impossibilitado de usar a internet e de trabalhar, pois era investigado noa Operação Spoofing. “Bolsonaro me disse que eu estaria salvando o Brasil e que a liberdade do povo estava em risco. Que eu preciso ajudar a garantir a lisura das eleições. Contou que nas eleições de 2018 teve acesso a um relatório da PF que ela poderia ter sido manipulada. Ele disse que não entendia nada da parte técnica e que eu precisava ir para o Ministério da Defesa para conversar com os técnicos. A ideia era que eu conseguisse um indulto do presidente. Como eu estava no processo da [operação] Spoofing na época, com as cautelares que me impediam acesso à internet e trabalhar eu visava a esse indulto”, afirmou.
Walter Delgatti Neto disse também que o próprio Bolsonaro pediu que ele grampeasse o telefone do ministro do STF Alexandre de Moraes. Bolsonaro teria dito a Delgatti que Moraes “já estava grampeado”. O hacker ainda reafirmou que recebeu cerca de R$ 40 mil de Carla Zambelli para invadir o sistema do Poder Judiciário e inserir um falso mandado de prisão contra Moraes.
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