Sem a influência da marca, eles não perceberam que estavam degustando um pinot noir (que é a uva tinta da Borgonha) de uma safra recente e não um vinho elaborado com cabernet sauvignon, merlot e cabernet franc (as variedades desse Bordeaux) e com esperados aromas de evolução.
A história aconteceu no longínquo ano 2000, mas só foi revelada agora pelo restaurateur Keith McNally, famoso por seus restaurantes no centro de Nova York, em uma postagem recente em seu Instagram.
A história, desde então, está correndo o mundo. McNally conta que, quando o erro foi descoberto, não havia o que fazer. Sua decisão foi não cobrar pelas garrafas, o que deixou as duas mesas felizes – principalmente o casal que esperava degustar um vinho barato.
Mas será que trocar garrafas é algo comum no mundo dos restaurantes? Esse erro não é comum, mas, infelizmente, acontece nas melhores casas. “Já aconteceu comigo”, confessa Gianni Tartari, sommelier com 30 anos de atuação e duas vezes eleito o melhor sommelier do Brasil.
Quando Tartari trabalhava no Ristorantino, no bairro dos Jardins, em São Paulo, ele atendeu um cliente que trouxe um Bordeaux de primeira linha. A mesa ao lado pediu um tinto menos complexo, mas que também precisava ser decantado. Em decantares iguais, os dois vinhos foram colocados no mesmo aparador.
Normalmente, este aparador, explica Tartari, é dividido mentalmente em quatro e todos os funcionários sabem qual quadrante corresponde ao vinho de cada uma das quatro mesas da varanda do restaurante. Mas a ordem dos decantares foi mudada. Tartari só percebeu a troca quando foi repor as taças.
“Como a taça não estava 100% vazia, vi pela cor que tinha alguma coisa errada”, lembra Tartari. Sua postura foi retirar a taça, degustar os vinhos novamente, e refazer o serviço, então com o vinho correto. No fim, o cliente ganhou a sobremesa como cortesia.
