A Zona da Mata é a região mineira com maior número de municípios enfrentando o surto de conjuntivite. Doze cidades notificaram a Secretaria de Estado de SaúdeJá na Oculare, clínica particular que fica no bairro Santa Efigênia, região Leste, a procura triplicou desde a última segunda-feira. Quase 90% das 300 consultas diárias foram para pessoas com a inflamação nos olhos. Para a oftalmologista Ariadna Borges Muniz, que também é diretora da Fundação Hilton Rocha, no Mangabeiras, Centro-Sul de BH, a quantidade de atendimentos necessita de atenção especial. “Há muito tempo não via um surto como este. No Hilton, os casos saltaram de 15 para 140 por dia”. Ariadna Muniz alerta que a doença é muito contagiosa, e que as infecções tendem a aumentar caso o paciente não se afaste de locais com aglomerações de pessoas, como o ambiente de trabalho, escolas e igrejas. O oftalmologista e professor da UFMG Daniel Vasconcelos reforça o coro de que o quadro é atípico. Para ele, o fato de a infecção estar relacionada ao vírus de outra doença pode explicar o surto. “Isso porque quem ficou gripado recentemente pode desenvolver a conjuntivite como uma outra reação”.
Região Central do Estado é a segunda com o maior número de surtos da doença. Há casos em sete municípios como Belo Horizonte, Santa Luzia, Sete Lagoas, Curvelo e Pará de Minas. Também há notificações no Norte de Minas, Sul, Rio Doce e Jequitinhonha e MucuriControle A Secretaria de Estado de Saúde, no entanto, garante que a situação está sob controle. “Esse quadro é próprio do verão, que propicia a propagação de vírus e bactérias”, afirma a infectologista Tânia Marcial, referência técnica do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde de Minas Gerais (Cievs). A matéria continua após a publicidade Pacientes enfrentam longa espera por atendimento Além do incômodo provocado pela conjuntivite, os pacientes também precisam enfrentar longas filas para conseguir atendimento. A auxiliar de serviços gerais Audry Rose Alencar, de 30 anos, diz ter chegado antes das 7h na Santa Casa de BH, mas, mesmo assim, não conseguiu uma senha. Segundo o hospital, algumas pessoas estão buscando a clínica sem antes passar pelos postos de saúde dos bairros. Com a demanda elevada, dois médicos foram convocados para reforçar o plantão. Mesmo assim, a espera leva cerca de quatro horas.
Nos últimos três dias, 125 pacientes foram atendidos na Clínica de Olhos da Santa Casa de Belo Horizonte
Secretaria de Saúde de BH diz que apenas casos graves são encaminhados para hospitais de referência da cidade. Os demais são atendidos nos postos municipaisNo entanto, após contato com a Secretaria Municipal de Saúde, a informação foi a de que o protocolo é inverso, e que os postos da capital estão preparados para dar o diagnóstico e orientar as pessoas sobre o tratamento. Apenas casos graves, como a piora da visão ou alterações na córnea, são encaminhados, pelo médico, para hospitais de referência.