Na postagem, Duda acusa o partido de “transfobia estrutural” e diz deixar o PSOL por conta da “perspectiva antropocêntrica” da legenda que, segundo ela, coloca outras pautas, como a causa animal, em segundo plano.
“Deixo o PSOL por não concordar com a transfobia estrutural do partido. Enquanto mulher transexual, não posso endossar uma estrutura que se apropria da luta e da identidade trans para privilegiar figuras e candidaturas já privilegiadas. ”
Ainda segundo a postagem, Duda Salabert foi filiada ao partido por dois anos. Nas eleições de 2018, ela disputou uma vaga ao Senado, recebeu 351.874, ficando em 8º lugar na disputa pelas duas cadeiras do estado. Recentemente, a travesti esteve no centro de uma mobilização nas redes sociais contra a suspeita de abusos sexuais de um tatuador de Belo Horizonte.
Para a ativista, a crítica que gerou a desfiliação não é em relação aos filados, e sim à estrutura partidária. Ela ainda não informou se irá para outra legenda.
“Agradeço de coração a todas correntes e filiados que me receberam e me construíram politicamente nos últimos dois anos. A crítica que resultou na minha desfiliação não é às pessoas, mas à estrutura partidária. Sigamos em luta, não mais na mesma organização, por um mundo sem desigualdades sociais. A utopia segue viva,” destacou.
Em nota também publicada pelas redes sociais, a executiva estadual do partido diz que recebeu com tristeza o pedido de desfiliação, mas não se posicionou sobre a acusação de transfobia. Veja abaixo.
"NOTA SOBRE A DESFILIAÇÃO DE DUDA SALABERT"
Com muita tristeza recebemos hoje a notícia do pedido de desfiliação da companheira Duda Salabert, que com muito orgulho nos representou na candidatura para o senado de MG. A luta por um mundo sem opressão é coletiva e isso nos exige humildade para reconhecer falhas e pedagogia para corrigi-las visto que estamos em constante evolução. Na busca por transformações sociais, em 2018 tivemos a honra de eleger as primeiras travestis e transexuais no legislativo brasileiro. Em um país tão desigual e cruel, essa luta é mais que necessária. Agradecemos Duda Salabert por todo aprendizado durante o período em que esteve conosco na luta. No país onde a expectativa de vida de uma travesti é de 35 anos, sua luta é de grande importância para todos nós. Seguiremos com toda firmeza nas trincheiras contra Bolsonaro, e na luta pelo ecossocialismo pelo direito de todas as vidas e um mundo sem opressão. Reafirmamos nosso compromisso na luta por um mundo sem machismo, rascismo, LGBT+fobia e a transfobia, e o enfrentamento dessas práticas seja no interior de nosso partido, ou em toda sociedade. Executiva Estadual do PSOL Minas".