SÃO PAULO - As fortes chuvas que atingiram a cidade de São Paulo e o Grande ABC na noite de domingo e na madrugada desta segunda-feira (11), causaram diversos transtornos. Às 13h30, o Corpo de Bombeiros confirmou 12 mortos.
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Segundo a Defesa Civil, somente em Ribeirão Pires, na região metropolitana de São Paulo, foram registrados quatro óbitos e dois feridos no desabamento de uma casa após deslizamento de terra.
SÃO PAULO - As fortes chuvas que atingiram a cidade de São Paulo e o Grande ABC na noite de domingo e na madrugada desta segunda-feira, 11, causaram diversos transtornos. Às 13h30, o Corpo de Bombeiros confirmou 12 mortos.
Segundo a Defesa Civil, somente em Ribeirão Pires, na região metropolitana de São Paulo, foram registrados quatro óbitos e dois feridos no desabamento de uma casa após deslizamento de terra.

Na avenida do Estado, na divisa entre São Paulo e São Caetano do Sul, quatro pessoas foram arrastadas pela enxurrada e morreram por afogamento, de acordo com a Defesa Civil. São três em São Caetano e uma em São Paulo. Outras 12 pessoas foram resgatadas - sendo quatro mulheres e 8 crianças, segundo o Corpo de Bombeiros. Com o transbordamento do Rio Tamanduateí, a situação na região do Ipiranga, na zona sul, é a mais crítica e a área segue em estado de alerta desde 20h40 deste domingo.
As Marginais do Pinheiros e do Tietê estão travadas em diversos pontos e os motoristas saem dos veículos enquanto aguardam o trânsito desafogar.
Em São Bernardo do Campo, um motociclista morreu afogado. Foram registrados na cidade muitos alagamentos e quedas de árvore. Um deslizamento em Embu das Artes teve três vítimas socorridas - sendo uma delas uma criança que veio a óbito no hospital.
Santo André teve uma vítima de afogamento e muitos alagamentos. São Caetano do Sul também sofreu com muitos pontos de alagamento.
Ipiranga
Além da região metropolitana, a situação mais crítica se deu também no Ipiranga, bairro da zona sul da capital. Desde as 20 horas deste domingo o bairro está em estado de alerta, que foi mantido na manhã desta segunda. O Córrego do Ipiranga, o rio Ribeirão dos Meninos e o rio Tamanduateí transbordaram.
Em São Paulo, no Parque São Rafael, divisa com o Grande ABC Paulista, um deslizamento de terra deixou uma mãe e duas crianças feridas. Uma das menores está em estado grave e recebeu atendimento em um PS em Sapopemba, de acordo com o Corpo de Bombeiros.
Somente na capital, entre meia-noite e 10h20, os bombeiros receberam 78 acionamentos de quedas de árvore, 76 chamados sobre desmoronamentos e desabamentos e 698 ocorrências de enchentes e alagamentos.
A Prefeitura de São Paulo convocou às pressas uma coletiva de imprensa sem a participação do prefeito Bruno Covas (PSDB), de licença por motivos pessoais. No lugar dele, como prefeito em exercício, está o vereador e presidente da Câmara Municipal Eduardo Tuma.

Com o transbordamento do Rio Tamanduateí, pelo menos muros desabaram na Avenida do Estado, que acumula também lixo e lama. Moradores chegaram a pescar um peixe no local.

Rodízio e zona azul suspensos
A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) suspendeu o rodízio e a zona azul em toda a capital em razão do temporal. A Companhia do Metropolitanao (Metrô) informou que todas as linhas de metrô funcionam normalmente.
Segundo o Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE), por volta das 9 horas se acumulavam na capital paulista 27 pontos de alagamento, sendo 15 transitáveis e 12 intrasitáveis.

O analista de TI André Fernandes, de 32 anos, o analista de Telecom Maurício Cardoso, 35, e o analista de projetos em TI, Rafael Nunes, 28, estavam em um veículo fretado e se deslocavam para o trabalho em Alphaville, em Barueri, na região metropolitana.
Eles saíram de casa às 6 horas e até as 10 horas só haviam conseguido chegar até a Ponte do Tatuapé, onde ficaram travados em função do engarrafamento na Marginal do Tietê. Eles desceram do fretado e voltaram a pé para casa.
Apesar dos congestionamentos, a tempestade perdeu força e não há mais registro de precipitações, de acordo com o CGE. Na região do Grande ABC, o rio Tamanduateí e seus afluentes ainda estão com as cotas muito elevadas ou extravasadas, o que ainda mantém regiões em estado de alerta por precaução.

A SPTrans informou que a operação dos ônibus está prejudicada em razão das fortes chuvas. O Expresso Tiradentes teve sua operação paralisada. Os ônibus de oito linhas não estão circulando pela Marginal Tietê, abaixo da Ponte das Bandeiras, e fazem desvios pela rua Voluntários da Pátria, rua Santa Eulália e avenida Santos Dummont.
Outro ponto intransitável foi o trecho entre as avenidas Paes de Barros e Luiz Ignacio de Anhaia Mello, por onde passam coletivos de 13 linhas. Alguns ônibus estão ilhados na avenida do Estado e na região de Vila Prudente. A avenida Sumaré ficou interditada no sentido Turiassu por causa de queda de árvore.

A Linha 10-Turquesa da CPTM ficou paralisada em razão de alagamentos. Às 11h30, a cidade registrava 84 quilômetros de lentidão, engarrafamento acima da média para o horário, que normalmente registra entre 21 e 57 km.
A área mais crítica da cidade é a Marginal do Tietê, sentido Rodovia Ayrton Senna, da Ponte Atílio Fontana até a Ponte das Bandeiras, com 10,4 quilômetros de trânsito paralisado.
Às 8 horas, a cidade atingiu 100 quilômetros de congestionamento. A região mais prejudicada no horário de pico da manhã foi a zona leste, que chegou a ter 35 km de lentidão, seguida pela zona oeste, que atingiu 32 km de congestionamento.
Durante a madrugada, foi emitido um estado de alerta para a Marginal Tietê em razão da possibilidade de transbordamento do Rio Tietê na Ponte do Piqueri e na Ponte Dutra.
'Não havia ação preventiva que pudesse corrigir o que aconteceu em SP'
Prefeito em exercício de São Paulo, Eduardo Tuma, diz que não havia nada que pudesse ter sido feito antes para evitar a tragédia que aconteceu na cidade com a forte chuva da madrugada desta segunda-feira.
"Não havia ação preventiva que pudesse corrigir o que aconteceu. O volume de chuva foi muito maior do que o esperado", disse. Tuma assumiu o comando a cidade nesta segunda-feira, após o prefeito Bruno Covas se licenciar por 15 dias por motivo pessoais.
A prefeitura não informou onde Covas está, mas Tuma destacou diversas vezes que o prefeito "está presente" mesmo licenciado e, de longe, coordena as ações. Questionado se o prefeito pretendia retornar da licença antes do previsto, Tuma não respondeu.
O coronel José Roberto, secretário de Segurança Urbana, disse que a situação excepcional ocorreu porque o esperado de chuva para todo o mês seria 170 mm, mas o acumulado dos últimos 11 dias já ultrapassa 160mm. "Desde 2006 não tínhamos um volume tão grande de chuva na cidade. E em alguns pontos da cidade, como na Vila Prudente e Ipiranga, o volume foi ainda maior", disse.
Tuma e os secretários insistiram que a prefeitura adotou todas as ações que eram necessárias. Alexandre Modonezi, secretário das subprefeituras, disse que a limpeza de bocas de lobo e galerias estava sendo feita, mas não suportou o volume de água que veio dos rios que transbordaram. "Não era água da rua, mas dos rios", disse.
Caminhões de hidrojato, que desentopem as bocas de lobo e galerias, estão em operação na marginal Tietê e no Ipiranga para ajudar a drenar a água. Desses caminhões, 14 estão na marginal - que, segundo a prefeitura, continua intransitável em alguns pontos da faixa central.

Marginais do Tietê e Pinheiros
Com o transbordamento dos rios, as Marginais do Pinheiros e do Tietê estão engarrafadas nesta manhã.
O trânsito está travado para quem tenta acessar a Marginal do Tietê no acesso pela ponte Jornalista Braz Jaime Romano, na região de Tatuapé, zona leste, sentido Rodovia do Castello Branco. Os motoristas saem dos carros e aguardam do lado de fora.
Na pista expressa da Marginal do Tietê, próximo à Ponte do Tatuapé, motoqueiros circulam na contramão para tentar sair do engarrafamento.
Volume de chuva na capital paulista
Veja o volume de precipitação das 19 horas de domingo, 10, às 7 horas desta segunda-feira, 11:
Jabaquara - 109,5 mm
Vila Prudente - 103,3 mm
Vila Mariana - 94,6 mm
Sapopemba - 88,5 mm
Ipiranga - 85,8 mm
Mooca - 54,7 mm
Zona leste
A professora Naara Santiago, de 37 anos, demorou três horas para fazer o trajeto no Tatuapé ao bairro do Belém, ambos na zona leste da capital. Parada no trânsito na Marginal do Tietê, ela resolveu desligar o motor e ter paciência.
"Ficou com caos, porque tinha ambulância e motoqueiros querendo passar. Moro aqui há dez anos e nunca passei por uma situação como essa." Ela chegou na escola onde dá aula por volta das 9h30.
