Conforme anunciado pelo Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens da Baixada Santista e Vale do Ribeira (Sindicam) na tarde de terça-feira (19), caminhoneiros organizaram uma carreata por vias de Santos na manhã desta quarta-feira (20). Cerca de 40 veículos saíram em fila única de um terreno usado como estacionamento, no bairro Bom Retiro, às 8h05 (de Brasília), e seguiram em direção à prefeitura, no Centro.
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Antes da saída dos caminhões rumo ao Paço Municipal, a Polícia Militar conversou com os caminhoneiros e pediu para que o protesto fosse pacífico, sem vandalismo. O trajeto deve seguir pela Avenida Martins Fontes, Viaduto Aristides Bastos Machado, São Francisco, Praça José Bonifácio, General Câmara e Prefeitura de Santos.
O trajeto seguiu sem problemas e chegou na Avenida São Francisco por volta das 9h. Caminhões seguem rumo ao Paço Municipal.
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Caminhoneiros e policias se reúnem para acertar detalhes antes da carreata (Foto: Carlos Nogueira/ AT)[/caption]
A carreata tem como motivo o descontentamento da categoria pela desapropriação do terreno. Alexsandro Viviani, presidente do Sindicam, afirma que a ideia é fazer uma manifestação diferente da planejada inicialmente, na qual a categoria bloquearia a entrada do Porto, no viaduto da Alemoa. O sindicato não está à frente do protesto, mas foi informado sobre a intenção dos caminhoneiros.
"Nós temos uma outra saída, que seria o terreno bem em frente a BTP - que já conta com 150 caminhões -, que teria condições de absorver todos os caminhoneiros que estão aqui e em outros locais. Temos até um projeto para 1 mil vagas neste local. Só que a prefeitura nunca se prontificou a ajudar e só agora está 'interessada em ajudar'. Depois de seis anos? Então vai demorar mais de três, quatro anos para isso acontecer. Só que estão desapropriando o pessoal agora e isso revoltou os caminhoneiros da região", lamenta.
Estacionamento alternativo
"Decidimos não atrapalhar o trabalho dos caminhoneiros que acessam o Porto. Optamos pela carreata para acionar diretamente a prefeitura. Nós queremos que a prefeitura nos receba porque o prefeito [Paulo Alexandre Barbosa] nunca nos recebeu. Esse problema já se arrasta há seis anos. Desde que lançaram a Avenida Perimetral, os caminhoneiros antigamente paravam na área do Porto. Hoje não tem mais como parar na área do Porto. Agora estão procurando lugar para ocupar. Essa ocupação aqui tem mais de três anos - período que estamos negociando com a prefeitura. Vamos parar na prefeitura. Se a polícia embaçar (sic), vamos ficar dando voltinha em volta da praça", diz Viviani.
Reintegração de posse
"O juiz bateu o martelo para que a gente saía da área - já expirou o prazo de 15 dias. Aqui só tem trabalhador e é claro que a gente vai sair, mas está errado. Estamos indignados porque não houve uma proposta, não nos deram alternativa. Eles querem tirar a gente daqui e jogar na rua. São mais de 200 caminhões, não tem como colocar esse número de carros dentro do Porto de Santos", explica.
Terreno
O espaço que servia como estacionamento fica localizado entre o Morro Ilhéu Alto e o Rio São Jorge. Segundo a administração municipal, na última segunda-feira (18), foi feita a desapropriação de parte do terreno que era área alodial que pertencia à empresa Repcon, e solicitado o restante à Secretaria do Patrimônio da União (SPU), porque era área de Marinha.
O terreno será utilizado para a construção da ponte de ligação entre os bairros Bom Retiro e São Manoel, que também ligará a Zona Noroeste à Via Anchieta. O local será utilizado, também, como pátio de vigas, durante as obras, o que, segundo a prefeitura, justifica a necessidade da desapropriação imediata. A outra parte do terreno será usada futuramente pela Cohab para a construção do conjunto habitacional denominado Prainha 2.
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Pátio onde caminhoneiros se concentravam foi desapropriado pela Prefeitura de Santos (Foto: Carlos Nogueira/ AT)[/caption]
'Problema histórico'
Em nota, a Prefeitura de Santos informou que, em junho de 2018, durante uma reunião conjunta que contou com diversas secretarias da prefeitura e os caminhoneiros, foi encaminhada negociação para que os motoristas deixassem o terreno em dezembro, o que não ocorreu e gerou a ação de reintegração de posse.
A administração municipal classificou a falta de vagas como um "problema histórico". "Desde o início da atual gestão, a prefeitura tenta liberação, via SPU, de uma grande área em frente ao Terminal BTP. O Governo Federal se comprometeu a liberar a área para a Codesp, mas a empresa não iniciou as intervenções necessárias para que o local se torne um pátio de estacionamento de caminhões", esclarece a prefeitura.
Ainda de acordo com a administração, em 13 de fevereiro, o prefeito Paulo Alexandre Barbosa (PSDB) esteve reunido com o ministro da Infraestrutura e, entre outros itens da pauta, foi requerido o estudo urgente de um pátio estruturado para estacionamento de caminhões no porto.
Hoje pela manhã aconteceu uma reunião na Secretaria Municipal de Assuntos Portuários, Indústria e Comércio, com os dirigentes caminhoneiros do Sindicam, onde foi colocada a necessidade do cumprimento judicial. O Poder Público Municipal está empenhado na solução problema.
Vale destacar que os caminhoneiros já declararam, por meio das redes sociais, que não haverá bloqueio na entrada da cidade. Por fim, o Poder Público Municipal destaca que está empenhado na solução do problema.