O médico Dr. Joel Rosa compareceu à delegacia da Polícia Civil em Piúma, na manhã desta terça-feira, 20 para registrar um Boletim de Ocorrência – BO contra o farmacêutico responsável pela Farmácia Básica da cidade.
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O médico levou o paciente Roberto Vieira dos Santos que contou ao jornal que teve negado o remédio receitado porque a receita não estava estipulada o número de dias para tomar o medicamento.
Dr Joel Rosa afirma que saiu de um plantão de 24horas e pela manhã, nesta terça, atendeu no Posto de Saúde, e como prometeu ao paciente ontem que iria com ele a Farmácia Básica resolver o mal-entendido, nesta terça ele foi e acabou ficando nervoso, discutindo e decidiu ir a delegacia registrar um BO. “Eu vim na Delegacia hoje porque aconteceu mais um absurdo desses que acontecem na Administração de Piúma. Eu atendi ontem (segunda, 19) um paciente no Hospital de Piúma com uma lesão grave na perna, completamente inchada, o paciente com dor, a infecção generalizando pela perna que já toda avermelhada. Eu passei para ele Azitromicina de 500 miligrama, coloquei bem explicito na receita 12 comprimidos de 12 em 12 horas. Um tratamento por seis dias. O paciente foi a Farmácia Básica e foi negado o medicamento simplesmente porque eu não coloquei que eram seis dias de medicamento. A meu entender isto é um absurdo, porque, se eu passei 12 comprimidos e estão dando de 12 em 12 horas subtende-se que o paciente vai tomar comprimido por seis dias. Uma falta de respeito com a vida do cidadão. Se ele (o farmacêutico) achou que algo não estava claro na receita ele podia ter entregue o medicamento, me chamar na Secretaria, ou ir no Hospital e conversar comigo, nunca negar um remédio”, reclamou o médico.
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Reprodução/Espírito Santo Notícias[/caption]
Dr Joel disse que depois que atendeu o paciente e o mesmo foi a Farmácia e não conseguiu o medicamento, Roberto voltou ao Hospital com um bilhete anexado a receita, esse foi o estopim. “Eu disse a ele, amanhã nós vamos lá na Secretaria. Eu fui com ele Farmácia Básica, cheguei lá, na hora que a atendente pegou a receita chamou o farmacêutico e ele disse que não ia entregar o remédio porque eu não tinha colocado quantos dias. Eu disse, eu passei 12 comprimidos de 12 em 12 horas, são seis dias por que tem de colocar isso aí?”, disse o médico.
De acordo com Dr. Joel o farmacêutico foi áspero com ele, houve uma discussão. “Eu fiquei nervoso com a situação, diante disso eu vim aqui na delegacia fazer um Boletim de Ocorrência, isto é um absurdo, não pode acontecer em Piúma. Por que a vida do paciente é menos importante do que eu escrever seis dias de 12 em 12 horas, ele não sabe que serão seis dias? Precisa eu escrever para ele entregar o remédio ao paciente”.
O paciente disse que chegou a Farmácia mancando com a receita nas mãos para pegar o remédio e tomar. “Eu fui lá por volta das 17 horas, eles estavam fechando, me mandaram eu voltar no Hospital e pedisse que Dr. Joel escrevesse na receita os dias. Eu estou com muita dor, vou ao Hospital tomar uma injeção, estou há 24 horas sem dormir”, disse o motorista Roberto de 52 anos, residente no bairro Jardim Maily.

Prescrição errada pode fazer mal ao paciente

A Reportagem entrou em contato com a secretária de Saúde, Ana Luiza Ferreira Mathias que também é farmacêutica. Ela explicou que vem tendo muitos problemas com o médico Joel Rosa, por conta de receitas. Veja a nota na integra emitida pela secretaria de Saúde de Piúma.
Com relação ao fato ocorrido no dia 20/11/2018 na Farmácia Básica de Piúma:
“É necessário contextualizar a situação, explicando que por diversas vezes no últimos tempos, recebemos com alguma frequência receitas com a prescrição irregular deste médico, inclusive várias delas prescritas com letras de outras pessoas e com a assinatura do mesmo, o que é irregular, de acordo com o código de ética médica (Código de Ética Médica: Resolução CFM nº 1.931, de 17 de setembro de 2009, Capítulo III, artigo 2º: é vedado ao médico: “Delegar a outros profissionais atos ou atribuições exclusivos.”). Inclusive, uma vez um paciente chegou com uma receita azul, de medicamento de controle especial, com o carimbo e a assinatura deste médico, mas com todos os campos em branco e o paciente disse que este profissional o orientou a pedir que nós da farmácia preenchêssemos com o medicamento e a dosagem de nossa livre escolha. O que configura crime, por se tratar de medicamento de controle especial de substâncias psicotrópicas, além de infringir o código de ética médica, como citado acima.
Haja visto, esses exemplos de irregularidades e a frequência deles é grande, já passamos a verificar as receitas deste profissional com mais atenção. Dependendo da falha, se for possível interpretar a receita e fornecer o medicamento de forma segura para o paciente, a dispensação é realizada normalmente, mas sempre que nos deparamos com alguma coisa que não tem nexo ou está fora dos padrões, escrevemos um bilhete, indicando o que precisamos na prescrição, anexamos à mesma e devolvemos para o paciente procura-lo e o mesmo corrigir a prescrição.
No episódio em questão a prescrição datada de 19/11/2018 este profissional prescreveu para uma Infecção Cutânea, que era visível na perna do paciente, o medicamento Azitromicina 500mg – 12cp – Tomar 1 comp v.o. de 12 /12horas.

A posologia indicada na bula da ANVISA deste medicamento é de 1000mg para doenças sexualmente transmissíveis, administrados em dose única. E, para todas as outras indicações a dosagem é de 1500mg administrados em, no máximo 500mg ao dia, podendo ser administrado em 3 dias seguidos ou até em 5 dias, administrando 500mg no primeiro dia e 250mg do segundo ao quinto dia.
Portanto, essa posologia não se encaixa nos tratamentos onde é indicado este medicamento. A dosagem maior do que a indicação máxima diária expõe o paciente a problemas renais e hepáticos, uma vez que são as principais vias de eliminação deste fármaco e o tempo necessário para a eliminação é de 24horas.
Para eliminarmos quaisquer dúvidas solicitamos por escrito, com um bilhete anexado à receita, que fosse informado a quantidade de dias do tratamento, como determina a RDC 20/2011 da ANVISA, que dispõe sobre o controle de medicamentos à base de substâncias classificadas como antimicrobianos, de uso sob prescrição, isoladas ou em associação. No seu capítulo III, Art.5º, parágrafo único: A receita deve ser prescrita de forma legível, sem rasuras, em 2 (duas) vias e contendo os seguintes dados obrigatórios: I – identificação do paciente: nome completo, idade e sexo; II – nome do medicamento ou da substância prescrita sob a forma de Denominação Comum Brasileira (DCB), dose ou concentração, forma farmacêutica, posologia e quantidade (em algarismos arábicos ); III – identificação do emitente: nome do profissional com sua inscrição no Conselho Regional ou nome da instituição, endereço completo, telefone, assinatura e marcação gráfica (carimbo); e IV – data da emissão. No glossário desta mesma publicação (RDC20/2011) define posologia: “incluem a descrição da dose de um medicamento, os intervalos entre as administrações e o tempo do tratamento”. Ou seja, é obrigatório conter o tempo do tratamento, o qual solicitávamos.
Este médico compareceu a Farmácia Básica, junto com o paciente, e aos gritos exigia uma explicação do motivo pelo qual o medicamento não havia sido dispensado ao paciente. A farmacêutica Lívia tentou explicar que era por causa do período do tratamento que estava faltando na receita e este médico se alterou e começou a falar de maneira ríspida com ela que ficou nervosa e foi chamar o farmacêutico Saulo, para que a ajudasse na questão, quando o farmacêutico Saulo foi falar com o médico ele já passou a falar em alta voz, o que foi solicitado pelo farmacêutico que o respeitasse e baixasse o tom, obtendo a resposta de que não iria baixar “m…” nenhuma e não ia respeitar “m…” nenhuma. O farmacêutico Saulo informou que tem uma legislação que regula a prescrição de antibióticos, RDC 20/2011 e o médico gritou que não tem lei “m…” nenhuma e quem manda na receita é o médico. Então ele pediu para o paciente mostrar a perna com uma infecção e perguntou se não iríamos atender, a farmacêutica Lívia disse que iríamos atender sim, era só ele colocar a quantidade de dias na receita, oferecendo a ele uma caneta, e ele voltou a dizer palavras de baixo calão dizendo, não vou colocar “m…” nenhuma na receita. E foi embora ameaçando o farmacêutico Saulo dizendo que iria fazer uma representação contra ele não sei onde”.