Desaparecido desde a noite de domingo (22), o cabo da Polícia Militar Samuel Ribeiro da Silva pode ter sido morto por traficantes de São Gonçalo, município na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Desesperados, parentes e uma testemunha ligaram para o batalhão da área pedindo ajuda, mas como resposta ouviram de PMs do 7º BPM (São Gonçalo) que "estava tarde para uma operação".
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"O que deveria ser feito, o supervisor de dia, ele deveria, no caso, reunir toda a equipe e entrar e tirar de lá o meu irmão. Na verdade, isso não foi feito. Não foi tomada essa atitude (...) Omissão, negligência, incompetência. Como reparar isso? Como você vai reparar isso? Vai pedir perdão? Desculpa?", indagou o irmão do cabo, Simões Ribeiro.
O carro de Samuel já foi encontrado com um corpo carbonizado dentro. O caso é investigado pela Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo (DHNSG), que ainda não sabe se o cadáver é o cabo da PM. Ainda assim, os agentes já tem pistas do que pode ter ocorrido com o militar.
De acordo com uma ligação anônima recebida pelo número 190, traficantes levaram o policial para uma das entradas do Complexo de favelas do Salgueiro, em Guaxindiba, considerado um dos locais mais violentos da região. A Polícia Civil já sabe que o cabo deixou a casa de um parente para abastecer o carro e não foi mais visto.
A denúncia recebida dá indícios, também, de que houve omissão da PM envolvendo o policial da própria corporação. Na ligação, a testemunha disse que um carro havia sido parado por bandidos por volta das 19h na Avenida Monteiro de Barros, próximo ao Salgueiro.
Também foi dito que os criminosos identificaram o motorista como sendo policial. A marca e placa do carro foram informadas pelo denunciante e os bateram com as referências do veículo de Samuel.
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De madrugada, um parente do cabo também pediu ajuda, mas foi dito a ele que a PM não poderia fazer nada porque não tinha condições de ir ao local à noite. O cabo Samuel Ribeiro da Silva tem 39 anos e é casado.
Prisão
O porta-voz da Polícia Militar, major Ivan Blaz, informou que um tenente, identificado como Vinhas, foi preso no início da noite desta segunda-feira no 7º BPM (São Gonçalo).
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De acordo com Blaz, o tenente era o oficial de dia na unidade na noite de domingo, quando a mulher de Samuel ligou para o batalhão e informou que o marido tinha sido levado por traficantes ao sair para abastecer o carro. Vinhas teria ignorado o pedido de socorro.
Projeto comunitário
Antes de ser transferido para o Batalhão Especial Prisional da corporação, Samuel serviu no batalhão de Alcântara e também na Unidade de Polícia Pacificadora do Borel, na Tijuca. Nesta última, o cabo desenvolveu um trabalho comunitário onde dava aulas para crianças da favela.
A grande paixão do PM é cantar músicas evangélicas.