
“A prefeitura de Belo Horizonte está em fase de estruturação de um Centro de Referência para a população em situação de rua na regional Noroeste, além da estruturação de uma unidade integrada de assistência social e saúde, principalmente para as mulheres, devido à maior vulnerabilidade e risco social” José Crus Subsecretário de Assistência SocialPaixão A situação completamente adversa não esconde, no entanto, o interesse pela competição. Corintiano, Maikon relata que aprendeu a amar o futebol na infância, quando ainda vivia em São Paulo, onde nasceu e foi criado. Porém, ele conta que depois de se envolver com drogas e uma sequência de brigas familiares, acabou saindo de casa e deixando de lado a paixão. “O negócio é que na Copa nós voltamos a gostar, não tem jeito”, confessa. “Mas esse time tem que melhorar muito”, pondera o rapaz. Com o ensino fundamental ainda incompleto e sem expectativas de conseguir um emprego, o jovem deposita na equipe verde e amarela as poucas esperanças que ainda tem. “Vamos ver se esse time traz alguma alegria para gente, né? Porque não está fácil não”. Vontade de acompanhar o jogo reúne amigos ao redor do radinho “Quem não tem cão, caça com gato”, afirma Florindo Ferreira da Costa que, sem a possibilidade de assistir ao jogo do Brasil pela TV, acompanha a partida pelo radinho de pilha, colado no ouvido. Aos 60 anos, 15 deles morando na rua, o ex-jardineiro nascido no Vale do Jequitinhonha expressa alegria ao falar sobre as expectativas a respeito da campanha da Seleção no mundial. Mesmo aflito diante das dificuldades enfrentadas pelo time frente ao adversário costarriquenho, ele afirma sem hesitar que a equipe brasileira está melhorando a cada confronto, e será o campeã da Copa. “É claro que vamos levar essa taça. Você ainda pergunta?”. Na calçada da avenida do Contorno, esquina com a rua Sapucaí, onde mora com duas mulheres e quatro cachorros, Florindo lamenta a impossibilidade de ver os jogos, mas garante que pelo rádio também consegue se emocionar. “A gente torce do mesmo jeito. É só imaginar a jogada”, conta.
Segundo a Secretaria Municipal de Políticas Sociais, haverá também a ampliação da equipe do serviço especializado em abordagem, incluindo nos grupos de trabalho pessoas que já estiveram em situação de rua. Além disso, segundo a pasta, está prevista a inserção de 40 desabrigados no programa Bolsa MoradiaCobranças A vontade de ver o Brasil levantando a taça de campeão reúne pessoas em todos os lugares e, na rua, não é diferente. Dailon Santana e Sheila Farias, que moram na calçada da avenida do Contorno, em frente à rodoviária da capital, se juntaram a Luiz Pereira, residente de uma barraca vizinha, para ouvirem juntos o jogo. Apesar de céticos quanto à conquista do título, os três permaneceram lado a lado, antenados a cada lance narrado. Mesmo com a vitória por 2 a 0, o tom de cobrança por mais amor à camisa permanece. “Esse tipo de jogo tem que ser vencido sem dificuldade. Tomar pressão para a seleção da Costa Rica é palhaçada”, critica Dailon. “Para o salário que esses caras ganham, estão fazendo muito pouco”, completa Sheila. Já para Luiz, o que mais atrapalha é a vaidade dos atletas. “Antigamente, quando futebol não era essa coisa glamourosa, eles eram mais sérios”, diz. “Imagina se um Pelé ou um Garrincha ficariam caindo como o Neymar?”, questiona.

Radinho de pilha é alternativa para torcedores sem TV que não abrem mão de torcer pela Seleção
